O Líbano acaba de eleger Joseph Aoun como seu novo presidente, após um período de quase dois anos sem um líder designado. A eleição ocorre em um contexto de instabilidade, marcado pela crise econômica profunda que o país enfrenta desde 2019, quando a moeda local desvalorizou drasticamente e as condições de vida da população se deterioraram. Além disso, a empresa estatal de eletricidade é incapaz de fornecer energia de forma constante, deixando os libaneses sem eletricidade por longos períodos todos os dias.

O novo presidente, que sucedeu Michel Aoun, prometeu reafirmar o direito do Estado a manter o "monopólio das armas" em meio à tensão contínua com o Hezbollah, o poderoso grupo xiita que também é um ator político significativo no país. Aoun, que completa 61 anos na próxima sexta-feira (10), é uma figura militar sem experiência política anterior, o que levanta preocupações sobre sua capacidade de navegar nas complicadas dinâmicas políticas do Líbano. Os políticos libaneses afirmam que ele conta com a aprovação dos Estados Unidos, o que pode ajudar a fortalecer sua posição no cenário internacional.

A escolha de Aoun também representa um afastamento dos candidatos tradicionais. Nos últimos dois anos, o Hezbollah e seu aliado Amal haviam apoiado o candidato Suleiman Frangieh, mas agora abriram mão dessa posição, indicando uma possível mudança no eixo de poder dentro do país.

O novo presidente enfrentará o desafio de reconstruir o Líbano, buscando assistência internacional enquanto lida com a pressão interna das forças políticas, especialmente do Hezbollah, que possui um forte apoio popular. Para Michel Mouawad, um legislador cristão que se opõe ao Hezbollah, a comunidade internacional está disposta a ajudar o Líbano, mas a cooperação depende de um governo estável e eficaz.

A estrutura política do Líbano impõe limitações ao papel do presidente, que deve sempre ser um cristão maronita, enquanto o primeiro-ministro é muçulmano sunita e o presidente do parlamento é xiita. Assim, Aoun precisará ser astuto na formação de alianças e na gestão das expectativas de diferentes grupos políticos.

Quem é Joseph Aoun? Nascido em Sin el-Fil, nas proximidades de Beirute, ele ingressou no exército em 1983, durante a guerra civil do Líbano. Iniciou sua carreira como comandante de pelotão e tem um currículo robusto no campo militar, incluindo treinamentos nos Estados Unidos. Sua falta de experiência política, no entanto, pode se transformar em um desafio, forçando-o a confiar em conselheiros sêniores para guiar suas decisões em um momento crítico para a nação.

A nova presidência de Aoun poderá ser um divisor de águas para o Líbano, mas os próximos passos demandam habilidade e estratégia para tentar sanar as feridas de um país em crise.