Durante uma coletiva de imprensa em sua viagem oficial ao Vietnã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ao elogiar a postura do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Lula afirmou que Trump, ao buscar dialogar com o presidente russo Vladimir Putin, demonstrou uma abordagem que o atual presidente Joe Biden deveria considerar.

"Ao tomar a iniciativa de discutir a paz entre Rússia e Ucrânia, algo que o Biden deveria ter feito, é justo reconhecer que, nesse aspecto, Trump está no caminho certo", afirmou Lula. O presidente brasileiro também reitera a posição do Brasil contra a ocupação territorial da Ucrânia pela Rússia e enfatizou a importância do diálogo para resolver o conflito. "Fizemos uma crítica contundente à ocupação e estamos dispostos a promover a paz", completou.

Lula destacou ainda a iniciativa conjunta com a China, que já propôs pontos para as negociações de paz. Para ele, é essencial incluir não apenas Putin, mas também o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky nas discussões. "A Europa se equivocou ao querer conversar apenas com Zelensky. O diálogo para a paz deve reunir ambas as partes, com todos que queiram participar", ressaltou.

Em meio às tensões geopolíticas, Lula também tocou nos temas comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Revelou que o vice-presidente Geraldo Alckmin já se reuniu duas vezes com representantes norte-americanos para discutir um acordo de livre comércio. O comércio bilaterial, que representa um fluxo de 87 bilhões de dólares, tem um superávit de 7 bilhões de dólares para os Estados Unidos, e Lula pediu responsabilidade por parte dos americanos.

O presidente brasileiro criticou a postura dos EUA durante o governo Trump, que, segundo ele, contradiz a histórica defesa do livre comércio que o país promoveu por quatro décadas. "Sob Trump, as políticas adotadas divergem muito do que pensávamos ser a base do comércio internacional", disse Lula.

Por fim, Lula destacou a importância do diálogo entre líderes, mesmo aqueles que possuem visões ideológicas diferentes. "Se eu sentir a necessidade de falar com Trump, não hesitarei em ligar. Espero que ele também não tenha problemas em me contatar. Divergências ideológicas não devem impedir conversas produtivas entre presidentes", concluiu.

Essa postura corajosa de Lula em favor do diálogo global levanta questões sobre o futuro das relações internacionais e o papel do Brasil nessa nova era de interações diplomáticas.