Cinco indivíduos foram detidos pela Polícia Federal na operação Contragolpe, realizada na terça-feira (19), suspeitos de conspirar para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O aplicativo usado por esses suspeitos foi o Signal, amplamente promovido por figuras como Elon Musk, dono da Tesla e do X, e por políticos de direita que frequentemente criticam o Facebook, proprietário do WhatsApp, por suposta censura.

Mas o que faz do Signal a escolha de grupos com intenções nefastas? A resposta está em sua reputação: o aplicativo não armazena dados dos usuários, oferecendo privacidade em um nível que muitos consideram essencial, especialmente em tempos de vigilância digital.

A popularidade do Signal disparou em 2021, quando o WhatsApp anunciou novas políticas de privacidade. O app foi baixado por 8,8 milhões de pessoas em um curto período. Muitos profissionais e empresas, incluindo os da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex), migraram seus grupos de trabalho do WhatsApp para o Signal, em busca de segurança.

Edward Snowden, ex-analista da CIA, declarou que o Signal é o aplicativo de mensagens mais seguro do planeta. Essa afirmação trouxe adeptos à plataforma, que também foi escolhida por procuradores brasileiros e deputados após os vazamentos de conversas da Operação Lava Jato em 2019.

Brian Acton, um dos criadores do WhatsApp e atual presidente da Signal Foundation, expressou em entrevista ao Techcrunch seu desejo de oferecer uma alternativa que prioriza a privacidade, afirmando que as pessoas merecem uma escolha.

O Signal se destaca por seu código aberto e pela total criptografia de suas comunicações. Esse design permite que especialistas verifiquem e testem sua segurança, algo que reforça a confiança dos usuários. Ao abrir o aplicativo pela primeira vez, os usuários recebem uma mensagem que destaca a importância da privacidade e a proteção dos dados confidenciais.

A interface é intuitiva, carregando elementos familiares para os usuários de outras plataformas de mensagens, como a capacidade de enviar textos, fotos, áudios e até reações com emojis. As funcionalidades de criação de grupos e respostas diretas são semelhantes às oferecidas pelo WhatsApp, garantindo uma experiência fluida e conhecida.

Contudo, a fama do Signal não é isenta de controvérsias. O uso do aplicativo por indivíduos com intenções criminosas levantou novas questões sobre o papel das plataformas de mensagens em atividades ilegais. Enquanto muitos defendem o direito à privacidade digital, o incidente envolvendo a tentativa de assassinato de uma figura pública lança uma sombra sobre a segurança que tais aplicativos podem realmente proporcionar. As ramificações desse caso estão apenas começando a ser discutidas, e a sociedade precisa refletir sobre a linha tênue entre segurança e privacidade.