
Menino que montou reator nuclear caseiro quase provoca desastre com mais de 40 mil pessoas em risco
2025-03-23
Autor: Carolina
Reatores nucleares são, por si só, estruturas complexas e de alta custo, sendo construídos sob rigorosos padrões de segurança. Mas o que acontece quando um adolescente decide desafiar essa lógica e monta um reator nuclear no próprio quintal? Esse foi o caso de David Hahn, que aos 17 anos conseguiu colocar mais de 40 mil habitantes de sua cidade em grande perigo ao elaborar um reator caseiro utilizando itens comuns.
Desde muito jovem, Hahn mostrou uma fascinante curiosidade pela ciência. Aos 10 anos, ele começou a estudar química e rapidamente se destacou, ganhando o curioso apelido de "Escoteiro Radioativo". Porém, sua paixão pela química se tornou uma preocupação pública quando ele decidiu fabricar um reator nuclear caseiro, levando a atenção das autoridades à sua porta.
Com elementos tão simples quanto filtros de café e potes de pickles, ele manipulou materiais radioativos. Ele utilizou tório, retirado de lanternas; rádio, vido a partir de relógios antigos; trítio, conseguido de miras noturnas de armas; e lítio, que obteve após gastar cerca de mil dólares em pilhas. Esses elementos foram combinados para criar uma rudimentar fonte de nêutrons. Contudo, mesmo não sendo capaz de produzir combustível fissionável em níveis similares a um reator tradicional, ele ainda tinha a capacidade de emitir radiação, representando um sério risco para a saúde pública.
Após a polícia descobrir materiais radioativos no porta-malas de seu carro, o galpão onde os experimentos estavam ocorrendo foi localizado, atraindo a atenção imediata da Agência de Proteção Ambiental e outras autoridades federais. Foi um aviso para muitos sobre os perigos de manipular substâncias radioativas sem o treinamento adequado.
Em uma declaração impactante à Harpers Magazine em 1998, Hahn compartilhou: "Eu era muito emotivo quando criança, e esses experimentos me deram uma maneira de escapar disso. Eles me respeitavam". A situação poderia ter resultado em sérias consequências, mas, felizmente, a intervenção das autoridades permitiu que tudo terminasse sem feridos.
Mas o que torna essa história ainda mais alarmante é o perigo real que essa combinação de elementos representa. De acordo com Luiz Antonio Andrade de Oliveira, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Araraquara, o perigo reside na radiação liberada e não apenas na química dos elementos. Em uma entrevista, ele destacou que o tório pode liberar radônio, um gás cuja inalação pode causar sérios danos pulmonares e tratar-se de um elemento que, por não fazer parte do nosso metabolismo, permanece no corpo humano por longos períodos.
Casos semelhantes a este destacam a importância da educação em ciência e segurança, especialmente entre os jovens. É essencial reforçar a necessidade de orientação e supervisão adequadas ao lidar com substâncias potencialmente perigosas.
Esta história nos lembra que a ciência é fascinante e poderosa, mas também apresenta riscos que não podem ser ignorados.