Recentemente, a apresentadora Fernanda Lima trouxe à tona uma questão importante em uma entrevista: as mulheres perdem massa cinzenta durante a menopausa. Essa afirmação gerou um alvoroço nas redes sociais, com muitas mulheres perguntando: "É verdade?".

A resposta é sim, mas com uma nuance importante. A perda de massa cinzenta em si não deve ser encarada como algo alarmante. É uma parte natural das transições hormonais que vivemos em diferentes fases da vida, seja na puberdade, na gravidez ou na menopausa. Para entender melhor, entrevistei a neurocientista Lisa Mosconi, renomada especialista em cérebro feminino e menopausa.

Lisa Mosconi, que também é autora do livro "O Cérebro e a Menopausa", explica que a perda de massa cinzenta não é sinônimo de deterioração cognitiva. Na verdade, é uma reorganização do cérebro que, ao longo da menopausa, pode ocorrer para descartar circuitos neurais que não são mais necessários. "Após a menopausa, o cérebro se torna mais 'enxuto e eficiente', embora isso possa gerar algumas dificuldades temporárias", afirma a cientista.

É fundamental lembrar que, apesar das mudanças, as mulheres continuam apresentando desempenho cognitivo igual ou superior ao dos homens, antes, durante e depois da menopausa. Isso refuta a ideia de que essa fase é sinônimo de 'perda de capacidades'.

Muitas mulheres nessa faixa etária se perguntam se estão perdendo a sanidade quando, na verdade, estão apenas enfrentando uma fase de transição. Entre as queixas comuns estão a dificuldade de concentração, lapsos de memória e uma sensação de nevoeiro mental, algo que afeta até 80% das mulheres durante esse período.

A menstruação pode ser vista como um rito de passagem em nossa vida, e a menopausa não deve ser tratada como um estigma, mas sim como uma fase de adaptação e aprendizado. Precisamos mudar a narrativa social que cerca a menopausa, transformando-a em um momento de auto-descoberta e valorização das experiências acumuladas ao longo da vida.

Para garantir que essa fase seja vivida com leveza e compreensão, a educação é fundamental. Menopausa não é o fim, mas uma nova fase que pode ser abraçada com informação e apoio. Afinal, a saúde mental e cognitiva das mulheres precisa ser respeitada e valorizada, e não silenciada por preconceitos que ainda persistem na sociedade.