Mergulhadores Revelam Chaminés Brilhantes no Mar Morto: O Que Isso Significa?
2024-12-08
Autor: Fernanda
O Mar Morto, um lago hipersalino localizado na fronteira entre Jordânia, Israel e a Cisjordânia, é famoso não apenas por suas propriedades únicas, mas também por seu dramático encolhimento: os níveis de água caem cerca de um metro anualmente, consequência de um cenário alarmante de seca e mudanças climáticas.
Recentemente, uma equipe de cientistas, incluindo especialistas em mineralogia, geoquímica e microbiologia, fez uma descoberta fascinante: chaminés expelindo um líquido cintilante que se assemelha a fumarolas. Christian Siebert, hidrogeólogo do Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental (UFZ) na Alemanha, comentou sobre a aparência dessas chaminés, que lembram fumarolas marinhas, mas com um mecanismo totalmente distinto.
Enquanto as fumarolas oceânicas costumam liberar água quente e sulfetos de profundidades extremas, as chaminés do Mar Morto emanam águas subterrâneas extremamente salinas que percolam por sedimentos antigos. Para entender essa dinâmica, é essencial considerar não apenas a composição do líquido, que é uma salmoura densa, mas também suas implicações ecológicas e geológicas.
As chaminés descobertas, ou “fumarolas brancas” como foram apelidadas, podem crescer a uma taxa surpreendente, aumentando vários centímetros em um único dia. Algumas delas alcançam alturas impressionantes, superando os sete metros. Além disso, foram identificados vestígios do radioisótopo 36Cl e microrganismos de água doce, revelando que essas estruturas são alimentadas pelos aquiferos que circundam a região.
A relevância das chaminés vai além da curiosidade científica. Elas podem atuar como sinais de alerta para a formação de crateras, que podem medir até 100 metros de largura e 20 metros de profundidade. Nos últimos anos, a região tem visto um aumento na formação dessas crateras, resultado da carstificação — um processo em que a dissolução de sal cria grandes cavidades sob o solo, arriscando desabamentos repentinos.
Infelizmente, prever a localização dessas crateras é uma tarefa desafiadora e, em muitos casos, fatal. Além de ameaçar a vida humana, esses eventos representam riscos significativos para a agricultura e a infraestrutura nas áreas adjacentes.
Para monitorar essas formações, a tecnologia de embarcações autônomas equipadas com ecobatímetros multifeixe ou sonar de varredura lateral pode garantir um mapeamento preciso das chaminés. De acordo com Siebert, esse é o único método eficaz atualmente para identificar regiões que correm risco de colapso iminente. Diante de um cenário ambiental preocupante, a ciência continua a desvelar os mistérios do Mar Morto, um dos lugares mais enigmáticos do planeta.