A ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez um apelo por respeito às religiões de matriz africana durante um show realizado em Salvador na última quarta-feira, 1º de janeiro de 2025. Sua declaração ocorreu poucos dias após a cantora Claudia Leitte, que se identifica como evangélica, substituir a menção à entidade Iemanjá, presente na música "Caranguejo", por Yeshua, ou Jesus, em uma apresentação no Recife.

Menezes, ao lado de Daniela Mercury, destacou a relevância de reconhecer e valorizar as ricas tradições afro-brasileiras, que incluem não apenas as práticas religiosas, mas também aspectos culturais como a música, a gastronomia e as roupas tradicionais. "É fundamental pensarmos com mais consciência e respeitarmos os direitos dos povos afro-brasileiros e suas expressões culturais. Elas são parte essencial da nossa identidade como brasileiros", afirmou a ministra.

Ela também expressou a necessidade de um diálogo mais construtivo sobre as influências das religiões afro-brasileiras, que historicamente enfrentam discriminação e preconceito. Durante o evento, Daniela Mercury enalteceu a importância do candomblé e reiterou que a cultura brasileira emergiu dessas tradições. "Devemos afirmar que todas as religiões de matriz africana não apenas têm um lugar em nossa sociedade, mas são fundamentais para a formação da nossa cultura", declarou Mercury.

A polêmica envolvendo Claudia Leitte não é um caso isolado; a mudança de palavras em sua canção levantou questões sérias sobre preconceito religioso. Em dezembro, Leitte foi alvo de críticas e acusações de racismo religioso, e um inquérito foi aberto pelo Ministério Público da Bahia para investigar o caso. Esse incidente traz à tona discussões fundamentais sobre o respeito às diversidades de crenças e práticas culturais no Brasil, um país marcado pela pluralidade e pela mestiçagem.

Essa situação evidencia a urgência em promover diálogos inter-religiosos e ações que assegurem o respeito mútuo entre diferentes crenças. O Brasil, com sua rica tapeçaria cultural, deve empenhar-se em acolher todas as suas tradições e expressões, garantindo que cada voz seja ouvida e respeitada.