Saúde

Ministro do STJ provoca polêmica ao comparar tratamento de autismo a 'passeio na floresta'

2024-11-23

Autor: Lucas

SÃO PAULO, SP - O Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Saldanha Palheiro, suscitou controvérsia durante o 3º Congresso Nacional do Fonajus ao criticar o tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). "Tratamento em ambiente natural? Eu não sei o que é isso. Deve ser levar a pessoa pra floresta, abraçar árvore. Isso tudo faz parte da ABA [Análise do Comportamento Aplicada]", afirmou.

O discurso do ministro foi permeado por críticas ao que ele chamou de "complexo industrial do autismo", apontando para um aumento do número de clínicas especializadas que, segundo ele, podem não oferecer o tratamento ideal para as crianças. "Para os pais, é uma tranquilidade saber que o seu filho ficará de 6 a 8 horas por dia em uma clínica especializada, mas isso custa caro", disse, enfatizando o impacto financeiro dessa abordagem na saúde familiar.

Estudos recentes, incluindo um realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), evidenciam as desigualdades nesse setor, questionando a eficácia desses modelos de tratamento e defendendo práticas mais comunitárias e intersetoriais conforme preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Além disso, o ministro criticou a Lei Romário (Lei 14.454), que estabelece que planos de saúde devem cobrir procedimentos não listados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). "A lei não fala em medicina baseada em evidência; apenas diz que, se houver um laudo técnico, o procedimento deve ser coberto", comentou Saldanha.

Especialistas em saúde mental alertam que a comparação entre tratamentos e a forma como ela foi apresentada podem estimular confusões e estigmas. O autismo é um transtorno complexo que requer não apenas cuidado clínico, mas também muita compreensão e apoio das famílias e da sociedade. O discurso do ministro tornou-se um tema de discussão, sendo visto por alguns como um desrespeito à questão delicada do autismo e às diferentes formas de tratá-lo.

Enquanto isso, a saúde da população brasileira continua a ser impactada por questões como a obesidade e doenças cardiovasculares, desafiando ainda mais os sistemas públicos e privados de saúde.