Saúde

Mistério e revolta: O que se sabe sobre a trágica morte de paciente na UPA da Cidade de Deus

2024-12-17

Autor: Fernanda

José Augusto Mota Silva, de apenas 32 anos, faleceu na recepção da UPA Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, enquanto aguardava atendimento médico. A situação chocou familiares e a comunidade, levantando questionamentos graves sobre o sistema de saúde local.

De acordo com informações da Secretaria de Saúde do Rio, José sofreu uma parada cardiorrespiratória, mas a verdadeira causa de sua morte ainda não foi oficialmente determinada. O Instituto Médico Legal (IML) agora se encarrega de realizar a necrópsia, e o resultado pode revelar muito sobre as circunstâncias que levaram a essa tragédia.

Durante o velório de José, realizado no último domingo (15) em Mogi Guaçu (SP), sua família expressou desespero e indignação. O pai de José relatou que o jovem chegou à UPA em estado crítico, clamando por ajuda, mas foi ignorado. "Ele gritou por atendimento e ficou sentado até morrer com o pescoço tombado", desabafou o pai, demonstrando a dor de perder um filho de forma tão desumana.

Funcionários demitidos e investigação em curso

Diante do ocorrido, a Prefeitura do Rio iniciou uma investigação rigorosa na UPA, com a Polícia Civil colaborando nas apurações. O secretário de Saúde, Daniel Soranz, garantiu que a análise de câmeras de segurança e prontuários clínicos está sendo realizada para entender a falta de atendimento a José e, segundo ele, algumas demissões já ocorreram entre os membros da equipe de plantão, responsabilizados pela situação.

"A responsabilidade de atender os pacientes é coletiva e todos da equipe devem estar atentos a isso", explicou Soranz, enfatizando que a segurança dos pacientes é prioridade.

Histórico de dores

A história de José revela um quadro alarmante: ele tinha se queixado de dores persistentes no estômago nos meses que antecederam sua morte. A sobrinha dele, Emily Larissa Souza Mota, revelou que os atendimentos frequentes à UPA não tinham trazido resultados satisfatórios. "Ele reclamava do descaso no atendimento, afirmando que os médicos apenas aplicavam injeções e o dispensavam", disse Emily.

Conversas anteriores com a família mostraram que José tinha um encaminhamento para realizar uma endoscopia, mas ainda não havia conseguido fazer o exame antes de sua trágica morte. "Na última quarta-feira, ele mencionou que as dores tinham voltado e que precisava verificar a situação com mais seriedade", lembrou Meiriane, irmã de José.

Imagens do momento do atendimento revelaram que, ao chegar à UPA, José estava consciente, mas sua condição se deteriorou rapidamente, levando-o ao colapso antes que qualquer ajuda significativa fosse prestada. Agora, com a morte sob investigação, muitas vozes reclamam por justiça e mudanças no sistema de saúde.

Uma vida em luta

José vinha de uma origem humilde em Mogi Guaçu (SP), onde deixou sua família em busca de melhores oportunidades no Rio. Ele trabalhou em vários empregos, incluindo como garçom e artesão, e até mesmo passou por dificuldades vivendo nas ruas de Copacabana. O que entristece ainda mais sua história é que ele planejava passar o Natal e o Réveillon ao lado da família, reafirmando o carinho que sempre teve por eles. “Ele estava sempre cuidando de nós, mesmo à distância”, contou Emily com lágrimas nos olhos.

Essa saga de uma vida retrata não apenas a luta de José mas também levanta importantes questões sobre a qualidade e a humanidade do atendimento nas unidades de saúde, que devem ser prioridade para autoridades e cidadãos. O que será feito para que tragédias como essa não se repitam? É hora de exigir mudanças e soluções eficazes!