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Morre Heloisa Teixeira, ícone do feminismo e crítica cultural no Brasil

2025-03-28

Autor: Fernanda

Faleceu na última sexta-feira (28), aos 85 anos, a renomada crítica literária Heloisa Teixeira, conhecida por sua contribuição fundamental ao feminismo e à crítica cultural no Brasil. Ela estava internada no Rio de Janeiro devido a complicações de uma pneumonia dupla, conforme informações da Academia Brasileira de Letras.

Considerada uma das maiores intelectuais brasileiras, Heloisa teve sua trajetória marcada por uma crescente influência feminista, especialmente após anunciar que desejava ser conhecida por seu nome de nascimento, Heloisa Teixeira, uma decisão simbólica que refletia suas raízes e valorizava a figura materna.

Professora emérita da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Academia Brasileira de Letras desde 2023, Heloisa Buarque de Hollanda foi autora e organizadora de dezenas de livros, transformando-se em um pilar do feminismo acadêmico no país. Seu engajamento com a literatura abarcava também a produção de artistas e escritoras da periferia, oferecendo uma plataforma para vozes muitas vezes silenciadas.

Nascida em Ribeirão Preto (SP), sua formação na PUC-Rio em Letras Clássicas, em 1961, moldou sua carreira acadêmica, permitindo-lhe abordar questões literárias e sociais sob uma perspectiva crítica inovadora. Sua notoriedade aumentou com a publicação da antologia "26 Poetas Hoje", em 1976, que reuniu uma nova geração de poetas marginais, desafiando as convenções literárias da época.

Durante os anos 60, Heloisa participou ativamente da efervescência cultural carioca, engajando-se em movimentos que promoviam mudanças sociais. Sua visão de que o feminismo deve ser uma lente pela qual se observa o mundo ressoou em suas obras e palestras, promovendo uma discussão necessária sobre a importância da participação feminina na vida pública e cultural.

Além de sua produção acadêmica e literária, Heloisa exerceu uma influência significativa no campo dos estudos culturais, abordando o feminismo como uma chave de leitura para a sociedade contemporânea. Sua pesquisa na área culminou em sua tese de doutorado, de onde surgiu a publicação "Impressões de Viagem: CPC, Vanguarda e Desbunde (1960/1970)", em 1980.

Heloisa manteve uma abordagem inovadora em suas aulas, promovendo a interdisciplinaridade e criando espaços para o debate crítico, o que resultou no surgimento do Centro Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos em 1986 e do Programa Avançado de Cultura Contemporânea em 1994. Mais tarde, em 2009, ela deu início à Universidade das Quebradas, um projeto que unia acadêmicos e criadores culturais de comunidades periféricas, evidenciando seu compromisso com a inclusão e a valorização de diferentes vozes.

Heloisa deixa um legado inestimável refletido em suas publicações, sua atenção ao papel das mulheres na cultura e sua luta incessante por justiça social. Com filhos Andrê, Pedro e Luiz, conhecido como Lula, ela é lembrada não apenas por suas conquistas, mas também pela generosidade de seu espírito e sua visão futurista sobre a literatura e a sociedade.