Mourão Revela a Verdade Sobre as Discussões de Um Suposto Golpe Militar
2024-12-16
Autor: Fernanda
247 – Em uma entrevista impactante ao jornal O Globo, o ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), fez afirmações bombásticas sobre os debates que rolaram nas Forças Armadas após a derrota de Jair Bolsonaro para Lula nas eleições de 2022. Apesar de admitir que houve discussões sobre uma possível ruptura institucional, ele descartou totalmente qualquer ação concreta, chamando toda a movimentação de "conspiração tabajara". Segundo Mourão, o Exército manteve-se firme nas normas de legalidade, legitimidade e estabilidade.
"Certamente, a reversão de um processo eleitoral à força mergulharia o país em um verdadeiro caos. O Exército agiu com a responsabilidade que se esperava. O general Freire Gomes tomou a atitude correta ao resistir a apelos golpistas. Isso não pode ser contestado", declarou Mourão, fazendo referência ao ex-comandante que se manteve fiel aos protocolos.
A Verdade Sobre a 'Conspiração Tabajara' e o Papel do Alto Comando
Mourão enfatizou que, apesar das conversas sobre um golpe, não houve qualquer movimento que indicasse uma tentativa real de ação. "Em teoria, houve reuniões, mas nenhuma delas resultou em ações. Na linguagem militar, chamamos de ‘ações táticas’ aquilo que resulta em movimentos. Não tivemos nada disso. Apenas pensamentos, nunca foi além disso", explicou.
Além disso, Mourão observou que para que um movimento dessa índole tivesse chances de sucesso, seria essencial contar com o apoio do Alto Comando, o que, segundo ele, não ocorreu. "Um golpe não acontece sem estrutura e organização. É algo que você vê em locais como a Síria, Venezuela, ou Turquia, onde há tropas nas ruas e batalhas em andamento", afirmou.
Reuniões no Alvorada e Investigações em Foco
Quando questionado sobre as reuniões que ocorreram no Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições, Mourão negou qualquer envolvimento ou conhecimento dos tópicos discutidos. "Eu sabia que essas reuniões estavam acontecendo, mas não fazia ideia dos assuntos tratados. Nunca participei de algo desse tipo. Minha agenda é pública, qualquer um pode consultar", garantiu.
Mourão minimizou também as suspeitas levantadas pelas investigações da Polícia Federal, que apuram possíveis planos para impedir a posse de Lula ou até mesmo ameaçar sua vida. Para ele, essas investigações representam mais a busca por um sensacionalismo em torno de conversas desconexas e sem fundamento. "Essa investigação se arrastou por quase dois anos, e tudo que encontramos foram trocas de mensagens no WhatsApp sem consistência. Isso é absurdo para mim".
Críticas ao Governo Bolsonaro e ao STF
Durante a entrevista, Mourão não se esquivou de falar sobre os erros do governo Bolsonaro, especialmente na gestão da pandemia, que, segundo ele, impactaram diretamente na derrota electoral. "Bolsonaro perdeu por questões que surgiram ao longo do seu mandato e não necessariamente pela força de Lula. A direita precisa se unir. Somente com a união seremos capazes de vencer nas próximas eleições", disse.
Em relação ao STF, Mourão expressou descontentamento com a interferência do tribunal em questões que ele acredita serem de competência exclusiva do Executivo e Legislativo. "Acho criticável como o STF se envolveu em um processo que deveria ser entre esses poderes. É um campo que não deveria estar nessa disputa", comentou.
Desafios e Futuro da Direita Brasileira
Por fim, Mourão alertou que a direita brasileira enfrenta o desafio de se reestruturar e encontrar uma liderança unificada para os próximos pleitos. Ele não descartou a possibilidade de que Bolsonaro possa novamente se tornar a figura central do campo conservador, caso recupere sua elegibilidade. "Existem muitos nomes sendo ventilados, e em algum momento será crucial unir forças. Não podemos nos apresentar divididos", concluiu.
Mourão ressaltou a importância de um debate interno mais alinhado e construtivo para que a direita tenha uma chance real de retomar o poder nas eleições de 2026.