Nos últimos anos, Elon Musk parecia estar em uma trajetória ascendente sem fim. Ele costumava ver a concorrência da Tesla, sua renomada fabricante de veículos elétricos, como um mar interminável de carros a gasolina que saíam das fábricas ao redor do mundo, em contraste ao pequeno número de competidores das montadoras de VE. A SpaceX, sua empresa de foguetes, havia eliminado a necessidade de se preocupar com as velhas guardas do setor aeroespacial, criando uma imagem quase invencível.

No entanto, os tempos mudaram. As recentíssimas declarações de Musk, como ameaças em relação ao suporte da Starlink na Ucrânia, despertaram preocupação entre os clientes e autoridades. Políticos europeus estão agora se perguntando sobre a confiabilidade de Musk como provedor de comunicações via satélite em longo prazo.

As incertezas em torno da SpaceX rapidamente resultaram em uma alta nas ações da Eutelsat, a empresa francesa que controla a OneWeb, que fornece serviços de satélite para internet. Embora a Eutelsat tenha apenas 600 satélites em órbita baixa, em comparação com os 7.000 da Starlink, a empresa parece estar se beneficiando do desejo crescente por alternativas mais confiáveis.

Especialistas do setor, como Simon Potter da BryceTech, afirmam que a preocupação com a Starlink atualmente é mais barulho do que ação. Contudo, a ameaça de uma forte concorrência se aproxima, pois o Projeto Kuiper da Amazon tem como objetivo colocar mais de 3.000 satélites em órbita baixa, criando uma nova rede de internet a partir do espaço. Se o projeto realmente decolar, clientes fora da América poderão optar pela solução da Amazon, em detrimento da oferta de Musk.

Jeff Bezos, o fundador da Amazon, não está parado. A Blue Origin, sua empresa de viagens espaciais, está acelerando o ritmo de seus lançamentos e já possui contratos para colocar os satélites do Projeto Kuiper em órbita. Recentemente, o foguete New Glenn da Blue Origin alcançou a órbita em sua primeira tentativa, aumentando as apostas no sector de lançamentos espaciais.

No mercado automotivo, a Tesla ainda ocupa a posição de líder, mas a RBC Capital Markets prevê que sua participação nas vendas de veículos elétricos na América do Norte caia para 53%, uma queda acentuada em relação aos 68% de dois anos atrás. Ao mesmo tempo, a BYD, uma montadora chinesa, lançou um sistema de carregamento revolucionário que permite recarregar um veículo em apenas cinco minutos, e já começa a fazer sombra à imagem da Tesla.

A BYD também lançou um sistema avançado de assistência ao motorista conhecido como “Olho de Deus”, que não tem custo adicional para os consumidores, contrastando com o sistema de condução autônoma da Tesla que exige pagamento extra. Esta situação levou muitos analistas a reavaliar suas previsões sobre o futuro da Tesla, que está começando a perder seu espaço diante da competição acirrada.

Enquanto isso, notícias do setor indicam que Elon Musk ainda tem cartas na manga. O robusto foguete Starship da SpaceX, que continua em fase de testes, pode transformar mais uma vez o negócio de satélites ao conseguir levar constelações muito maiores em comparação ao Falcon 9, atualmente o carro-chefe da empresa.

Além disso, a Tesla aguarda ansiosamente inovações em robôs humanoides, desenvolvidas em parceria com sua empresa de inteligência artificial, xAI. Diz-se que essa nova empreitada está busca de US$ 10 bilhões, o que pode impulsionar ainda mais o valor de suas empresas. Em uma reviravolta interessante, mesmo a plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, parece ter recuperado parte do valor perdido desde sua aquisição por Musk em 2022, possivelmente graças aos desenvolvimentos com a xAI.

Recentemente, Musk se reuniu com a equipe da Tesla para motivá-los, prometendo que robôs-táxis começarão a sair da linha de produção em um tempo recorde de cinco segundos, com planos de fabricar 50.000 robôs humanoides em breve. Essa visão audaciosa precisa de um pouco de ceticismo; porém, a crença em Musk como um visionário pode ser o que continua a elevar suas empresas a novos patamares. No entanto, não será fácil para ele eliminar a competição, que não irá desperdiçar a oportunidade de capturar o mercado.