SÃO PAULO – O engenheiro químico Guillermo Fabian Ortiz, preso durante a Operação Heisenberg, que visa desmantelar quadrilhas de tráfico de metanfetamina em São Paulo, revelou em seu depoimento detalhes chocantes sobre a participação de policiais civis em um esquema criminoso de desvio de drogas apreendidas para venda.

Inspirado pelo famoso personagem Walter White, da série 'Breaking Bad', Ortiz, que foi um engenheiro da gigante petrolífera mexicana Pemex, foi acusado de utilizar seu conhecimento em química para produzir metanfetamina em São Paulo. Ele chegou ao Brasil em 2019 e rapidamente se tornou um nome importante nas operações de tráfico, a ponto de reduzir o preço da droga nas ruas da capital.

Recentemente, Ortiz foi condenado a 5 anos de prisão por tráfico. Entretanto, ele fez denúncias graves sobre sua ligação com policiais corruptos, afirmando que foi manipulado por um grupo de agentes desonestos que utilizavam seus conhecimentos para capturar membros de gangues rivais. Segundo Ortiz, havia um esquema em que as drogas apreendidas eram substituídas por sal e revendidas a traficantes.

O engenheiro mencionou nomes e apelidos de policiais envolvidos, como 'Gimenez', do 77º Distrito Policial, que foi preso sob suspeita de desviar drogas apreendidas em falsas operações. Outro policial mencionado foi 'Magu', da 1ª Central Especializada em Repressão a Crimes em São Paulo.

Elementos ainda mais perturbadores surgem a partir do depoimento de Ortiz, que revelou que os policiais estavam não apenas envolvidos no tráfico, mas também em um esquema de corrupção que comprometia a integridade da investigação policial. A Corregedoria da Polícia Civil já está de olho nas alegações, mas as provas contra Ortiz também são substanciais; seu celular tinha centenas de mensagens relacionadas ao preparo e envio de drogas.

O recente fracasso da operação de captura dos verdadeiros líderes do tráfico desencadeou pressões sobre a força policial, resultando em várias demissões de alto escalão e uma reavaliação interna em busca de corrupção.

As implicações da operação Heisenberg vão além do caso de Ortiz, revelando uma teia complexa de corrupção dentro da polícia, com a participação de diversos agentes em atividades ilegais. Isso levanta preocupações sobre a segurança pública e a luta contra o tráfico de drogas no Brasil.

Essa situação destaca a urgência de reformas dentro da estrutura policial, para garantir que possam combater eficazmente o crime organizado sem serem manchados pela corrupção.