Saúde

O Perigo Oculto: Qual o real risco de beber álcool?

2024-10-02

Autor: Pedro

Durante muitos anos, estudos afirmaram que o consumo moderado de bebidas alcoólicas, especialmente o vinho tinto, poderia oferecer benefícios à saúde. Contudo, essa visão está mudando radicalmente, como aponta um recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A OMS agora conclui que não existe um nível seguro de consumo de álcool e que o risco à saúde começa com a primeira gota de bebida alcóolica, desafiando a ideia de que beber moderadamente é inofensivo.

Dentre as preocupações mais sérias estão as mortes e o câncer. Em um relatório divulgado em junho de 2023, a OMS revelou que o álcool foi responsável por 2,6 milhões de mortes em todo o mundo em 2019. Desse total, aproximadamente 1,6 milhão foram causadas por doenças não transmissíveis, incluindo 474 mil por doenças cardiovasculares e 401 mil por câncer. Além disso, cerca de 724 mil óbitos estavam ligados a ferimentos, como acidentes de trânsito e violência.

O uso de álcool também está associado a doenças transmissíveis. Ele pode aumentar o risco de transmissão do HIV em relações sexuais desprotegidas e enfraquecer o sistema imunológico, o que potencializa a infecção por tuberculose.

Os riscos cancerígenos são alarmantes, com o álcool sendo relacionado a no mínimo sete tipos diferentes de câncer, como o câncer de mama e o câncer intestinal. A nova diretriz da OMS é clara: até mesmo o consumo leve, definido como menos de 1,5 litro de vinho ou menos de 450 ml de destilados por semana, pode ser arriscado.

Tim Stockwell, especialista em pesquisa de substâncias, salienta a importância das novas orientações: "O álcool é essencialmente uma substância de risco, e o perigo começa assim que você começa a beber". Após analisar 107 publicações científicas, ele não encontrou evidências que respaldassem a ideia de que o consumo leve é seguro.

Contudo, a percepção sobre os riscos do álcool não é unânime. David Spiegelhalter, professor de estatística na Universidade de Cambridge, questiona a obsessão com os riscos derivados de uma ou duas bebidas: "Não existe um nível seguro de risco na vida, mas ninguém sugere abstinência total. É crucial pesar os benefícios e os danos."

A consciência do risco vem acompanhada de uma mudança de comportamento na sociedade. Dados da OMS mostram uma leve queda no consumo global de álcool per capita, caindo de 5,7 litros para 5,5 litros entre 2010 e 2019. Em adição, o perfil dos consumidores também está se transformando. Cada vez mais pessoas, como a britânica Anna Tait, estão abandonando o álcool em busca de saúde e bem-estar. Tait, que costumava beber semanalmente, percebeu que sua vida melhorou enormemente após parar de consumir bebidas alcoólicas.

Amelie Hauenstein, uma jovem de 22 anos da Baviera, também desistiu do álcool, revelando que a abstinência a fez redescobrir a diversão sem a necessidade de bebidas. O relato dela reflete um movimento crescente de consumidores que optam por um estilo de vida saudável e consciente, onde o prazer não depende do consumo de álcool.

Esses relatos indicam um caminho de transformação social em relação ao consumo de álcool, onde o foco está na saúde e no bem-estar. Será que estamos testemunhando uma mudança de hábitos que pode impactar as futuras gerações? O debate sobre os riscos e benefícios do álcool está mais aceso do que nunca, e a escolha de uma vida sem álcool pode ser a nova tendência.