O que a Coreia do Sul pode nos ensinar sobre corrupção e democracia
2025-01-09
Autor: Carolina
Há quase três décadas, a Convenção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tem sido um marco em um mundo que costumava tolerar a corrupção como parte do funcionamento de sistemas sociais e políticos. Assim como o Brasil, a Coreia do Sul enfrentou gargalos significativos relacionados à corrupção que comprometiam a confiança pública nas instituições.
Os equívocos relacionados à corrupção chegavam a ser tão profundos que em alguns lugares, como a França, era permitido abater os valores pagos em propinas do imposto de renda. Foi somente quando o mundo começou a perceber os danos sociais severos causados por essa prática que ganhou força o movimento internacional em prol da transparência e contra a corrupção. Ao longo do tempo, muitos países adotaram políticas públicas voltadas para o combate à corrupção, além de que houve um amadurecimento político significativo e a consolidação das instituições.
Recentemente, a Coreia do Sul se tornou um exemplo interessante quando o novo governo, liderado por Yoon Suk-yeol, enfrentou um cenário complicado. A falta de habilidade política e de apoio no Parlamento resultou em uma tentativa arbitrária de declarar a lei marcial, a qual rapidamente causou uma reação negativa no Congresso e na sociedade. Yoon acabou sendo afastado do poder por impeachment em dezembro, e pela primeira vez na história do país, um presidente em exercício foi alvo de um mandado de prisão por insurreição. Embora a prisão efetiva seja limitada a 48 horas, a situação é um sinal claro da falta de imunidade para crimes de tal gravidade.
A resistência em torno da sua prisão gerou tensões, com apoiadores cercando a residência presidencial. O cenário tumultuado inclui também a recente trágica queda de um Boeing 737-800 da Jeju Air, resultando em 179 mortos, além da proibição do presidente da companhia aérea de deixar o país durante as investigações relacionadas ao desastre.
Historicamente, a Coreia do Sul já enfrentou vários escândalos de corrupção, como no caso da Hyundai e da Samsung, que resultaram em condenações e a necessidade de reparações significativas. Este passado sombrio, no entanto, se contrapõe ao progresso alcançado, como a vitória do filme "Parasita" no Oscar em 2020, desafiando comandos de exclusividade das produções faladas em inglês.
A corrupção, como em muitas partes do mundo, ainda persiste na Coreia do Sul, mas a rigidez das instituições democráticas e os robustos mecanismos de controle têm permitido que o país enfrente crises políticas de forma eficaz. O renomado economista Daron Acemoglu sublinha que instituições sólidas são fundamentais para o progresso e riqueza das nações. Por esse motivo, a experiência da Coreia do Sul pode servir como uma lição valiosa para o Brasil e outros países que enfrentam desafios similares.
A situação atual da Coreia do Sul evidencia não apenas a luta contra a corrupção, mas também a importância do fortalecimento das instituições democráticas, mostrando que a transparência e a responsabilidade são não apenas essenciais, mas devem ser priorizadas em todo contexto político.