Pacientes se tornam ‘prisioneiros’ à espera de hemodiálise em Bauru
2024-12-19
Autor: Mariana
Em Bauru, a grave falta de máquinas de hemodiálise está transformando a vida de pacientes renais em um verdadeiro pesadelo. Com pelo menos 18 pessoas internadas em hospitales, algumas delas de idades variadas, os pacientes se veem presos a um sistema que deveria oferecer tratamento, mas que acaba isolando-os de suas famílias e empregos. As internações vão de 2 a 5 meses, derretendo a normalidade de vidas que, em sua maioria, não exigem internação contínua.
Dentre os afetados, encontramos Marta Lúcia Fernandes, de 55 anos, e Maria de Jesus Oliveira Vilela, de 63 anos, que se tornaram amigos dentro do Hospital de Base, mas que se sentem verdadeiros prisioneiros devido à baixa disponibilidade de leitos. Elas precisam estar no hospital para garantir que suas sessões de hemodiálise ocorram três vezes por semana, mesmo que isso signifique abandonar suas rotinas. Geralmente, esse tratamento não exige que os pacientes fiquem internados; normalmente, eles estariam apenas algumas horas no hospital.
"Toda minha família está abalada emocionalmente. O meu sentimento é de tristeza e desânimo. Minha vida e a do meu marido pararam", lamenta Marta, expressando a dor da privação de liberdade que está vivendo. A situação não apenas rouba a opção de ir e vir, como também elimina a possibilidade de escolher o que comer, já que eles são forçados a se adaptar à dieta do hospital. "Aqui não temos direito nem a um banho de sol! Tudo isso com a nossa saúde plenamente debilitada. Para mim, estamos pior do que prisioneiras", finaliza Marta, com evidente frustração.
Além do sofrimento emocional, esses pacientes estão colocando suas vidas em risco ao permanecer em um ambiente hospitalar, onde podem contrair infecções e desenvolver outros problemas de saúde. A preocupação é ainda maior quando se considera que cada leito ocupado poderia ser utilizado por alguém que realmente necessite de tratamento contínuo.
E não para por aí: a ansiedade tem sido uma companheira constante para Marta, que recentemente precisou de um calmante para lidar com a pressão emocional. "Você está o tempo todo preso nesse ambiente estressante e acaba lidando não só com a sua doença, mas também com a carga psicológica que vem junto", conclui. A situação em Bauru clama por uma urgente solução do governo e das autoridades de saúde, para que esses prisioneiros encontrem não apenas a cura para seus problemas renais, mas também a liberdade de viver suas vidas plenamente.