Nação

Pacote Fiscal: Votação Acelerada Pode Prejudicar Aperfeiçoamentos

2024-12-02

Autor: Fernanda

O Congresso Nacional enfrenta uma corrida contra o tempo, com apenas três semanas úteis para votar uma série de projetos cruciais, incluindo o pacote de gastos, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), o Orçamento de 2025 e a reforma tributária. No entanto, essa pressa gera preocupação entre analistas e especialistas em políticas públicas.

As emendas parlamentares – que garantem recursos a deputados e senadores – parecem ser a única chave que mantém a situação sob controle em Brasília. A maioria dos parlamentares demonstra uma preocupante apatia em relação ao modelo de votações aceleradas, que em muito desvirtua o devido processo legislativo. A falta de debate e discussão adequada diminui as chances de refinamento e melhoria dos projetos apresentados.

O presidente Lula teve menos tempo para decidir sobre as medidas do que o tempo que levaram os parlamentares para iniciar as votações. Após a apresentação das propostas de cortes de gastos pelo ministro Fernando Haddad, o governo se focou na construção de um pacote que incluiu aumentos na faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000, um tema polêmico que deixou muitos cidadãos apreensivos.

Recentemente, o ministro do STF, Flávio Dino, liberou a retomada dos pagamentos das emendas parlamentares, que haviam sido suspensos em agosto devido a exigências de transparência. O Congresso, por sua vez, aprovou um projeto para destravar esses pagamentos, mas muitos ainda questionam a eficácia e a real transparência desse processo.

O clima agora é de urgência, pois as lideranças do governo esperam que os projetos sejam aprovados em um prazo recorde de duas semanas. Contudo, permanecem incertezas sobre a inclusão de medidas que são fundamentais para o governo, como o aumento das alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e dos Juros sobre Capital Próprio (JCP). Essas medidas são consideradas essenciais para a recuperação fiscal e a arrecadação em 2025.

Outro ponto controverso é a possível tributação de 7,5% sobre dividendos remetidos ao exterior por empresas, uma proposta que ainda está suspensa, mas que foi mencionada em eventos do Ministério da Fazenda. Essa seria uma medida eficaz para aumentar a receita, mas enfrentaria resistência entre investidores e empresários.

A expectativa é de que o reajuste da tabela do Imposto de Renda não passe, apesar das promessas feitas pelo governo. O anúncio da medida foi feito em grande estilo, mas está cada vez mais claro que sua aprovação está cada vez mais distante, sendo tratada como uma promessa para 2025 e uma peça na campanha eleitoral de 2026.

É emblemático que, em meio a toda essa confusão legislativa, o governo tenha lançado uma campanha nas redes sociais chamando atenção para o "Imposto de Renda Zero", em uma tentativa de amenizar as tensões causadas por medidas impopulares de austeridade. No entanto, a informação de que o projeto já teria sido enviado ao Congresso é falsa, e o anúncio rapidamente se tornou alvo de críticas e ironias nas redes sociais.

As consequências desta pressa e falta de diálogo no processo legislativo ainda não estão claras, mas especialistas alertam que, se não forem levadas a sério, podem resultar em projetos mal elaborados e ineficientes, deixando os cidadãos à mercê das falhas do sistema.