'Paguei a um médico falso por preenchimento e agora me arrependo amargamente - o resultado foi horrível e me deixou devastada'

Uma investigação recente revelou que um ex-tatuador está sendo responsabilizado por deixar uma mulher "parecendo uma gárgula" após a aplicação de preenchimentos faciais mal executados em sua clínica de estética no Reino Unido.

O aumento de procedimentos estéticos sem regulamentação no país ganhou destaque após a ocorrência da primeira morte relacionada a esses tratamentos, que foi registrada em 2024, envolvendo uma mulher que se submeteu a um procedimento de aumento de glúteos conhecido como BBL (Brazilian butt lift).

Desde o primeiro preenchimento, realizado em dezembro de 2021, Andrea, uma mulher de 60 anos, relatou que se sente tão envergonhada que cobre o rosto sempre que sai de casa, temendo os olhares e comentários dos outros. "Olho no espelho e vejo uma gárgula... algo horrível, repulsivo", desabafou em entrevista.

Andrea, que fez uma pesquisa cuidadosa antes de visitar a clínica Reshape U, em Hull, ficou aliviada ao ver que a clínica havia ganhado prêmios de prestígio, como o de Melhor Clínica de Estética em Yorkshire. Contudo, sua felicidade logo se transformou em desespero. Durante a consulta, ela foi atendida por Sean Scott, que se apresentava como Dr. Sean Scott. No entanto, descobriu-se que Scott não possui formação médica e que comprou um doutorado honorário em consultoria online, uma situação alarmante que levanta questões sobre a falta de regulamentação nesse setor.

Após o primeiro procedimento, Andrea seguiu as orientações de Scott e voltou para mais tratamentos. Ele sugeriu o uso de antibiônticos, o que, segundo especialistas, deveria ser reservado a profissionais que possuem formação adequada. Para piorar, ela foi incentivada a realizar preenchimentos faciais, o que deu início a uma série de complicações. Após o uso do ácido hialurônico, ela começou a perceber inchaços e marcas escuras em seu rosto, que resultaram em uma lista interminável de procedimentos malsucedidos.

Andrea descreve as consultas com Scott como um verdadeiro pesadelo. Entre mais de 30 atendimentos nos quais a mulher gastou milhares de libras, as coisas só pioraram. Após um episódio grave em que mal conseguia abrir os olhos, ela foi encaminhada a um hospital, onde os médicos confirmaram que sua condição era resultado dos procedimentos estéticos malfeito.

Um especialista em estética que a atendeu posteriormente indicou que a cicatriz que Andrea desenvolveu foi, em parte, causada por uma infecção rara, mas que normalmente não ocorre em ambientes adequadamente higienizados, um forte indicativo das práticas inadequadas adotadas em sua clínica.

O caso de Andrea não é isolado. A BBC possui conhecimento de pelo menos outras três reclamações que envolvem práticas questionáveis de Scott. Além disso, fontes revelaram que os órgãos responsáveis pela saúde pública chegaram a visitar sua clínica após denúncias sobre suas credenciais.

Enquanto isso, Scott continua alegando que ofereceu um tratamento de qualidade e que vem trabalhando para corrigir suas falhas. No entanto, Andrea e outras vítimas não compartilham da mesma opinião, ressaltando a urgência de uma regulamentação mais rigorosa para evitar que pessoas sem qualificação arruínhem a vida de outras com promessas de beleza.

As advertências sobre a regulação do setor de estética são discutidas há anos, e a necesssidade de um licenciamento mais estrito tornou-se evidente para evitar tragédias futuras. Especialistas alertam que, sem uma ação governamental decisiva, mais pessoas poderão ter suas vidas comprometidas por profissionais sem credenciais adequadas, causando danos irreparáveis em busca de uma aparência ideal.

Andrea não só lutou contra as consequências físicas, mas também foi diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático, uma evidência de como essa experiência traumática afetou sua saúde mental. Seu relato é um lembrete doloroso da importância de fazer escolhas informadas e buscar profissionais qualificados na área da estética.