O preço do petróleo subiu mais de 5% nesta quinta-feira (3), com a cotação do barril ultrapassando os US$ 77, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mencionar a possibilidade de um ataque israelense a refinarias de petróleo do Irã. No dia anterior, o presidente foi questionado sobre a possibilidade e respondeu que estavam ‘discutindo isso’, gerando uma onda de inquietação nos mercados.

O petróleo tipo Brent teve um aumento de 5,18%, fechando cotado a US$ 77,73, após um aumento que já vinha de uma alta de cerca de 8% desde a última sexta-feira (27), quando os conflitos na região se intensificaram.

A tensão resultante da recente escalada do conflito entre o Irã e Israel não é apenas uma tragédia humanitária, mas também provoca uma inquietação no mercado de petróleo mundial. Na última terça-feira (1), o Irã disparou centenas de mísseis contra Israel, o que já tinha elevado o preço em 3,85% no mesmo dia. As crescentes ameaças de retaliação de Israel e dos EUA mantêm os preços em alta.

O Irã, em 2023, se posicionava como o sétimo maior produtor de petróleo do mundo, com uma produção de aproximadamente 3,9 milhões de barris por dia, representando cerca de 5% da produção global, que é de 82,8 milhões de barris diários. A importância do Irã no mercado se dá não apenas por sua produção, mas pela sua influência como membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+), a qual tem um papel crucial na regulação do preço do petróleo.

Com a atual situação, se o Irã se tornar ainda mais ativo nas hostilidades, pode contar com o apoio dos outros membros da Opep+ para influenciar a produção e, assim, a oferta global de petróleo. Essa dinâmica pode causar ainda mais volatilidade nos preços da commodity.

O Irã detém uma significativa fatia das reservas de petróleo global, com 10% das reservas conhecidas, tendo assim uma capacidade considerável de influenciar o mercado. Segundo Celso Grisi, especialista em macroeconomia da FIA Business School, a localização geográfica do Irã é estratégica, pois o país possui uma das principais rotas de passagem para o petróleo — o Estreito de Ormuz.

O estreito é um ponto crítico, através do qual aproximadamente 20 a 30 milhões de barris de petróleo transitam diariamente, ligando o Golfo Pérsico ao resto do mundo. O fechamento desse estreito devido a tensões políticas poderia gerar uma crise global de abastecimento, fazendo com que os preços disparassem ainda mais.

Além disso, qualquer imposição de novas sanções econômicas sobre o Irã e as nações vizinhas pode resultar em uma elevada flutuação no preço do petróleo, afetando não apenas os mercados do Oriente Médio, mas também as economias globais. Economias como a do Brasil, que depende da importação de petróleo para atender a sua demanda crescente, poderiam enfrentar dificuldades adicionais em decorrência de aumentos de preços.

A situação é, portanto, altamente volátil e os investidores devem ficar atentos às movimentações políticas e militares na região, que podem impactar diretamente o complexo mercado de petróleo até o fim de 2023. Cuidem de suas finanças — o que vem a seguir na economia pode ser surpreendente!