Mundo

Plano audacioso de 'recongelar' o Ártico: Uma solução inovadora ou um desastre ecológico à vista?

2024-12-14

Autor: Matheus

A proposta ousada de restaurar o gelo do Ártico utilizando tecnologia inovadora tem gerado um debate intenso em todo o mundo. Um time de cientistas e inovadores britânicos da startup Real Ice está testando em Cambridge Bay, uma remota vila no norte do Canadá, um método que envolve o uso de bombas submersas elétricas para congelar a água do mar na superfície do gelo ártico.

O objetivo ambicioso do projeto é triplicar a espessura do gelo marinho em uma área que supera 1 milhão de quilômetros quadrados - uma região maior que a Califórnia - visando desacelerar ou até reverter a perda de gelo durante o verão. Tal iniciativa surge como uma resposta à crise climática, que é a principal responsável pelo derretimento acelerado das camadas de gelo polar. Desde os anos 1980, aproximadamente 95% do gelo espesso e multianual do Ártico foi eliminado, deixando para trás um remanescente de gelo novo e fino.

Embora os resultados iniciais do experimento tenham capturado a atenção de especialistas, também geraram controvérsias. Cientistas alertam que, apesar da promessa dos primeiros testes, os métodos adotados ainda não têm comprovação de resultados em grande escala, além de possuírem riscos potenciais, especialmente para o ecossistema local. A rápida perda do gelo polar resulta em um ciclo vicioso: à medida que o gelo derrete, o oceano mais escuro absorve mais radiação solar, promovendo um aquecimento adicional do planeta.

O método inovador de refreezing

A técnica utilizada pela Real Ice envolve a instalação de bombas submersas que promovem a água do mar à superfície, onde congela e forma grandes poças. Esse método ainda remove a camada de neve, possibilitando um crescimento adicional do gelo na parte inferior. Andrea Ceccolini, co-CEO da Real Ice, revelou que, entre janeiro e maio deste ano, a equipe conseguiu aumentar a espessura do gelo em uma média de 50 centímetros em Cambridge Bay.

O projeto já foi testado no Alasca no ano anterior, e os resultados preliminares em Cambridge Bay mostraram que, após apenas dez dias de testes em novembro, o gelo já havia se espessado em 10 centímetros. A expectativa é que, ao final do ciclo de testes, a espessura possa alcançar até 80 centímetros, dependendo das variáveis ambientais. Para expandir a operação, a startup planeja utilizar drones subaquáticos movidos a hidrogênio verde, com a missão de perfurar o gelo com brocas aquecidas. Contudo, os altos custos indicam que o valor anual para cobrir a área proposta deve ultrapassar impressionantes US$ 5 bilhões, com financiamento futuro vindo de fontes globais ou governamentais.

Os céticos não deixam de expressar suas preocupações, questionando a viabilidade deste projeto audacioso e alertando para os riscos ecológicos advindos de uma intervenção humana tão intensa em uma região já vulnerável. A presença humana e a alteração do ambiente polar podem ter consequências imprevistas, afetando os delicados ecossistemas locais. Jennifer Francis, cientista sênior do Woodwell Climate Research Center, expressou suas incertezas à CNN, afirmando que, embora o método possa ajudar a aumentar a espessura do gelo localmente, os efeitos a longo prazo para mitigar a crise climática ainda são incertos: 'Tenho sérias dúvidas sobre a sua eficácia a longo prazo.' A discussão ao redor do projeto continua fervorosa, levantando questões cruciais sobre a sustentabilidade e a responsabilidade diante do futuro do nosso planeta.