Polêmica: Locutor Denuncia Uber por Uso Indevido de Sua Voz com Inteligência Artificial
2024-11-11
Autor: Julia
Em uma reviravolta chocante no mundo da publicidade, o locutor e dublador Igor Lott decidiu processar a Uber, alegando que a empresa utilizou sua voz sem permissão em uma propaganda. Lott, conhecido por dar vida a personagens de animes populares como Uno de "Grand Chase" e Deidara de "Naruto", afirma que nunca gravou nada para a Uber, mas descobriu que sua voz foi manipulada por inteligência artificial para fins publicitários.
Este caso levanta uma questão cada vez mais relevante: os direitos individuais na era da IA. A utilização de vozes de dubladores por meio de algoritmos de aprendizado de máquina se tornou um tema recorrente, e muitos profissionais da área estão preocupados com a imprecisão dos limites sobre o uso de sua propriedade intelectual.
O advogado de Lott, Eduardo Salles Pimenta, defendeu que houve uma clara violação do direito à personalidade, que abrange proteção de imagem, voz e honra. No processo, Igor Lott solicita uma indenização de R$ 30 mil pelos danos morais e pela perda de potenciais lucros, um valor que pode surpreender muitos na indústria, considerando a crescente facilidade de gerar vozes sintéticas.
A defesa da Uber apresentou uma argumentação intrigante, alegando que a voz utilizada no comercial foi adquirida de uma plataforma legitimada que transforma textos em vozes sintéticas provenientes de dubladores credenciados. Segundo a empresa, a responsabilidade pela alegada violação deve recair sobre o fornecedor do serviço, uma vez que eles apenas usaram uma ferramenta de gravação disponível no mercado.
Contudo, a Uber ressalta que Lott não conseguiu provar que a voz usada no comercial é realmente a dele, sugerindo que a questão pode ser mais complexa do que parece à primeira vista. "Não há evidências conclusivas de que a voz em questão pertença ao autor do processo", afirmou a empresa, reforçando a defesa de que a realidade dos fatos está sendo distorcida em busca de um ganho financeiro.
Até o momento, o caso ainda não foi julgado, mas a Justiça de São Paulo determinou que uma perícia técnica seja realizada para esclarecer se a voz utilizada realmente pertence a Igor Lott. A expectativa é que essa decisão possa criar precedentes relevantes no âmbito jurídico, à medida que as tecnologias de IA evoluem.
Além da ação contra a Uber, Igor Lott iniciou outros três processos semelhantes, direcionados contra o Banco do Brasil, o Shopping Anália Franco e o Bradesco. O Banco do Brasil se defendeu, alegando que a agência contratada não utilizou a voz de ninguém conhecido, mas sim gerou uma voz neutra por meio de IA. Por outro lado, o Shopping Anália Franco e o Bradesco afirmaram que suas campanhas utilizam vozes sintéticas, desassociadas de qualquer indivíduo específico, indicando um mercado em plena transformação.
Essas ações levantam um alerta sobre a falta de clareza legal em torno do uso de vozes geradas por inteligência artificial e como isso pode impactar a carreira de dubladores e locutores. À medida que a tecnologia avança, é vital que os direitos dos profissionais sejam protegidos e que as práticas de mercado sejam devidamente regulamentadas.