Polícia de SP: Tarcísio precisa mudar política e nomes na segurança
2024-12-11
Autor: Julia
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, enfrenta intensa pressão para demitir Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, em um contexto de aumento alarmante de denúncias de violência policial e letalidade no estado. No entanto, Tarcísio descartou essa possibilidade em resposta a jornalistas, afirmando: "Olhe os números. Você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]", sem detalhar quais números seriam esses.
Especialistas em direitos humanos, como Marcos Fuchs, diretor da ONG Conectas Direitos Humanos, alertam que a atual estrutura permite que policiais ajam com um alto grau de impunidade. "Você empodera muito o mau policial a ter uma licença [para matar], a fazer o que quer. Houve um descontrole, com um aumento preocupante em [números de] mortes", disse Fuchs, enfatizando a necessidade urgente de revisão na política de segurança.
Um ponto crucial dessa discussão é a mudança de opinião de Tarcísio em relação ao uso de câmeras nas fardas dos policiais. Durante sua campanha eleitoral em 2022, ele se opôs a essa medida e chegou a sugerir a retirada desse equipamento dos uniformes, mas agora, pressionado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pela crescente violência, admite que "tinha uma visão equivocada" e considera as câmeras como essenciais para a proteção tanto da sociedade quanto dos policiais.
Nos últimos meses, casos grotescos de brutalidade policial vieram à tona, acentuando a crise. Um incidente chocante ocorreu no início de novembro, quando Gabriel Renan da Silva Soares, sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, foi fatalmente atingido por um policial militar de folga em um mercado na zona sul de São Paulo. Mais recentemente, no dia 4 de dezembro, um vídeo viralizou mostrando um policial jogando um homem de uma ponte durante uma abordagem em Diadema, embora a vítima tenha sobrevivido.
Os dados são alarmantes: a Polícia Militar de São Paulo registrou 474 mortes em operações policiais de janeiro a setembro deste ano, de acordo com a própria Secretaria de Segurança. A maioria das vítimas (64%) são pessoas negras, e 99% das mortes ocorreram com homens, exemplificado pelo caso de Marco Aurélio Cardenas Acosta, um estudante recentemente assassinado. A capital paulista lidera a trágica lista com 122 mortes, seguida por Santos (36) e São Vicente (29).
Dada a gravidade da situação, a pressão sobre Tarcísio para que implemente mudanças significativas na política de segurança pública é mais intensa do que nunca. Será que ele conseguirá responder a essa demanda ou continuará a ignorar as vozes de indignação que ecoam em protestos por justiça e igualdade no estado de São Paulo?