O cenário do futebol brasileiro foi agitado por uma manifestação inesperada: torcedores do Coritiba, clube tradicional do Paraná, organizaram um protesto na Avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos principais endereços empresariais de São Paulo. O ato ocorreu em frente ao Edifício San Paolo, sede da Treecorp, que controla 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Coritiba.

Os torcedores expressaram seu descontentamento com faixas como "Safados", "Treegolpe" e "Vergonha", além de gritos como "Haja paciência, essa Treecorp é pura incompetência" e "SAF de mendigo". A insatisfação é particularmente voltada para a forma como a empresa vem lidando com a equipe, tratada como um "negócio à distância", sem um verdadeiro engajamento com a torcida.

A mobilização foi organizada pelo Coletivo Coritibano, que envolve diferentes torcidas, influencers e grupos de apoio ao Coritiba. Desde que foi criado em 2024, o coletivo tem criticado abertamente a gestão da Treecorp. Eles conseguiram arrecadar fundos através das redes sociais para enviar dois ônibus de Curitiba a São Paulo, um feito notável dado a distância de quase 500 km.

"Pedimos apoio da torcida para custear nossa viagem. Com a ajuda, trouxemos torcedores de todas as idades e até mesmo de fora do estado, como de Goiânia e do litoral paranaense. Isso é um ataque direto à invisibilidade que os torcedores sentem em relação ao clube", afirmou um membro do coletivo que prefere permanecer anônimo.

Os principais alvos de indignação foram Bruno D'Ancona, sócio da Treecorp; André Campestrini, diretor financeiro; e o empresário Roberto Justus, que é sócio e conselheiro. Esses nomes já haviam sido alvo de protesto durante um amistoso da equipe contra o Santos, quando perderam de 4 a 1.

"Saímos de Curitiba às 23h e, após enfrentar muito trânsito, chegamos a São Paulo por volta das 9h. Protestamos por quase duas horas na Faria Lima", contou um dos organizadores.

Para muitos torcedores, essa viagem representou uma verdadeira conquista.

"É a vitória de todos nós! Apesar do esforço e cansaço, voltamos para casa com a sensação de que nossa voz foi ouvida. A visibilidade que conseguimos é importante, pois a discussão sobre a SAF precisa ser ampliada no futebol brasileiro!", destacou outro membro.

Nesse contexto, o Coritiba se prepara para mais uma temporada na Série B do Campeonato Brasileiro, após uma eliminação decepcionante nas quartas de final do Campeonato Paranaense. Além disso, a equipe despediu-se da Copa do Brasil na primeira fase, em uma derrota contra o Ceilândia, da quarta divisão nacional.

Em resposta ao protesto, a Treecorp se manifestou e prometeu melhorias. Segundo a empresa, o objetivo é colocar o Coritiba de volta ao protagonismo que o clube e sua torcida merecem. Desde 2023, a Treecorp investiu aproximadamente R$ 120 milhões no Coritiba e está trabalhando para quitar mais de R$ 100 milhões em dívidas até o final do ano, o que é crucial para garantir a saúde financeira do clube e possibilitar novos investimentos no futebol.

Diante deste cenário, a expectativa é grande para que o Coritiba volte a brilhar e recupere seu lugar de destaque no futebol brasileiro.