
Protestos explosivos na Faixa de Gaza: A população finalmente diz 'basta' ao Hamas
2025-03-26
Autor: Carolina
Recentes protestos contra o grupo terrorista Hamas estão gerando ondas de mudança na Faixa de Gaza, conforme especialistas analisam a situação.
Na terça-feira (25), centenas de palestinos se reuniram no norte da região, expressando sua insatisfação com o Hamas, que controla o território desde 2007. Esses protestos são considerados os maiores desde a invasão israelense em outubro de 2023, sinalizando um desejo crescente por transformação entre a população, mesmo diante do temor de represálias violentas.
Pablo Sukiennik, especialista em direito internacional, aponta que a sociedade palestina é composta por diferentes grupos ideológicos e políticos. Embora o Hamas tenha partidários, há também um considerável número de palestinos que permanecem silenciosos devido ao medo de agressões.
"Para cada manifestante, há muitos outros que gostariam de se manifestar, mas estão amedrontados. O fato de que um número significativo de pessoas se sentiu seguro o suficiente para expressar sua oposição ao Hamas é um sinal positivo e mostra à comunidade internacional que os palestinos não são um bloco monolítico, muitas vezes visto como agressivo ou terrorista", afirma Sukiennik.
Ele sublinha que é difícil medir a proporção de apoio ao Hamas entre a população. "O Hamas é um grupo terrorista que não respeita normas e é extremamente agressivo, o que torna temerosa a manifestação de opiniões contrárias", completa.
De acordo com a mídia israelense, a onda de protestos se espalhou por diversas regiões, incluindo Jabalia, onde manifestantes clamaram pelo fim da guerra e pelo término da ditadura do Hamas.
O advogado e cientista político Nauê Bernardo Pinheiro de Azevedo também enfatiza que as tensões existentes com o Hamas não refletem uma concordância total entre os palestinos sobre as ações do grupo.
"As manifestações evidenciam as complexidades do cenário político na região. A ascensão do Hamas ao poder deve-se a fatores contextuais específicos, e em um ambiente de conflito, surge uma radicalização nas opiniões e nos comportamentos das pessoas", descreve Azevedo.
Para ele, é natural que surjam questionamentos e levantes a respeito da liderança do Hamas, especialmente considerando o nível alarmante de mortalidade entre os palestinos e o deslocamento forçado da população.
A professora de direito internacional da USP, Maristela Basso, destaca que esses protestos refletem um descontentamento crescente e um desejo de mudança. "Parece que eles acordaram de um pesadelo e começaram a se opor àqueles que apoiam o Hamas, ao dizer: 'não queremos mais isso'. Existe uma parte da comunidade que busca a paz, acredita na coexistência de dois estados independentes e deseja viver em harmonia, longe do terror. Isso é crucial, pois indica o despertar de uma comunidade antes adormecida. A esperança de um futuro melhor está se formando, e isso deve ser reconhecido pela comunidade internacional", conclui Basso.