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Protestos Históricos em Gaza: Palestinos Rebatem o Hamas e Clamam por Paz

2025-03-26

Autor: João

Na terça-feira (25/3), uma onda de protestos tomou conta do norte da Faixa de Gaza, com centenas de palestinos se unindo em uma manifestação rara e corajosa contra o grupo radical islâmico Hamas. A mobilização, impulsionada por sentimentos de frustração e desespero após 17 meses de guerra, gerou um clamor pela paz e exigências para que o Hamas se afaste do poder.

Os manifestantes, que se reuniram em Beit Lahia, ergueram cartazes de alta carga emocional com frases como "nós nos recusamos a morrer" e "o sangue de nossos filhos não é barato", demonstrando a profunda dor e a urgência do momento. Gritos de ordem como "O povo quer que o Hamas saia" e "parem a guerra" ecoaram pelas ruas da cidade, que já sofreu imenso impacto devido aos conflitos recentes.

Os vídeos compartilhados nas redes sociais, claramente autênticos, mostraram uma multidão diversa, com mulheres, crianças e adolescentes participando do protesto, desafiando as intimidações do Hamas. Apesar do medo de represálias, muitos se sentiram compelidos a se manifestar, expressando que já não suportavam mais o ciclo interminável de violência. Testemunhas relataram que, mesmo com a presença de apoiadores do Hamas tentando dispersar a multidão, a voz dos que clamavam por mudança prevaleceu.

"Queremos viver em paz" disse Mohammed, um dos moradores que participou da manifestação, à agência de notícias EFE. Ele enfatizou a insatisfação generalizada com o governo do Hamas e a necessidade urgente de proteção contra os ataques israelenses. "Os manifestantes não querem apenas a saída do Hamas, eles anseiam por segurança e dignidade", completou.

O norte de Gaza se transformou em um campo de batalha devastado, com a destruição de edifícios e infraestruturas obrigando a população a se deslocar constantemente para escapar do conflito. Desde o início da nova fase de hostilidades, que recomeçou após a retomada de ataques israelenses, estima-se que aproximadamente 800 pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, tenham perdido a vida, segundo informações do Ministério da Saúde de Gaza.

Com o fim do cessar-fogo em 19 de janeiro, Israel não apenas intensificou os bombardeios, mas também cortou a entrega de alimentos e outros recursos essenciais, afetando drasticamente cerca de 2 milhões de palestinos. As Forças de Defesa de Israel (FDI) já emitiram alertas de evacuação na região, refletindo a gravidade da situação. Em resposta, o Hamas exige a liberdade de reféns e um cessar-fogo, mas o caminho para uma resolução pacífica continua incerto.

A guerra foi iniciada após um ataque devastador do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas em Israel, levando a uma resposta militar israelense que até agora dizimou a população de Gaza. Seis anos após o Hamas assumir o controle da Gaza, as vozes contra sua liderança se tornam cada vez mais visíveis, apesar das ameaças e repressões.

Esta manifestação é um sinal claro de que os moradores de Gaza, cansados de perder entes queridos e de viver sob a opressão, estão se levantando não apenas contra a ocupação israelense, mas também contra a própria administração que deveria protegê-los. O descontentamento em relação ao Hamas pode estar em um nível sem precedentes, abrindo a porta para novas discussões sobre liderança e o futuro dos palestinos na região.