Nação

PSDB Vive Crise Profunda Pós-2022 e Fusão Pode Ser o Caminho, Avisa Ex-Governador

2024-10-08

Autor: Gabriel

O ex-governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, fez uma análise contundente sobre a situação do PSDB, afirmando que o partido se tornou "muito pequeno" após as eleições de 2022. Em sua perspectiva, a escolha de João Doria como pré-candidato à presidência foi um erro estratégico que afetou gravemente o desempenho do partido nas urnas.

As recentes eleições municipais, que ocorreram no dia 6 de novembro, acentuaram essa crise: o PSDB conseguiu conquistar apenas 273 prefeituras, um número alarmante se comparado ao total de 523 em 2020. Das grandes cidades — aquelas com mais de 200 mil eleitores — o PSDB elegeu apenas dois prefeitos, evidenciando uma queda significativa no apoio popular. Com cinco candidatos ainda na disputa do segundo turno, há uma esperança de que esse número possa aumentar ligeiramente.

"Eu sempre defendi que a gente ficou muito pequeno por um erro estratégico na eleição de 2022", declarou Azambuja em entrevista à Folha de S. Paulo na segunda-feira (7). Para ele, a candidatura de Doria à presidência foi um movimento "inviável", o que resultou na diminuição notória do PSDB em nível nacional. O partido elegeu apenas 13 deputados federais, sendo três em Mato Grosso do Sul, e apenas três em São Paulo, que conta com 70 cadeiras na Câmara.

Azambuja sugeriu que o partido deve discutir sua futura trajetória política após as eleições deste ano. "Eu acredito que nós vamos ter um rearranjo político. Vou dialogar com as lideranças nacionais do PSDB, especialmente com Marconi Perillo e Aécio Neves", afirmou.

A avaliação é que, dado o cenário atual, uma fusão com outras siglas pode ser a solução para revitalizar o partido. Ele indicou que, em um futuro próximo, o Brasil pode entrar em um processo de fusões e que o número de partidos políticos poderá ser reduzido para cerca de dez. O PL, partido de Jair Bolsonaro, é visto como uma opção viável, especialmente pela boa relação que o PSDB tem com suas lideranças tanto em nível estadual quanto nacional.

Eduardo Riedel, atual governador de Mato Grosso do Sul e membro do PSDB, concorda com Azambuja e defende que a queda do desempenho eleitoral não deve ser a única razão para considerar a fusão. "Dentro do processo de reforma política pelo qual estamos passando, o PSDB deve trazer esse debate sem temor", disse Riedel.

Historicamente, o PSDB tem sido um bastião em Mato Grosso do Sul, governando o estado há dez anos e elegendo 44 dos 79 prefeitos nas últimas eleições, embora esse número tenha caído em comparação a eleições anteriores. Azambuja ressalta que, apesar das dificuldades, o contexto atual pode ainda ser favorável ao partido, considerando as alianças formadas com outras legendas como MDB, PL e PP, que lhe garantiram apoio político estratégico.

Um dos maiores desafios enfrentados pelo PSDB nesta eleição foi tentar quebrar um tabu: o partido nunca conseguiu eleger um prefeito em Campo Grande, capital do estado. Para isso, lançaram o deputado federal Beto Pereira como candidato, que terminou em terceiro lugar, com quase 26% dos votos.

"Acredito que a campanha poderia ter se beneficiado mais da imagem de Jair Bolsonaro. A direita parece ter migrado para a prefeita Adriane de forma mais evidente do que para o nosso candidato", concluiu Azambuja, evidenciando a necessidade urgente de reavaliar as estratégias do partido se quiser recuperar sua força política no Brasil.