
'Quando meu marido morreu, extraí seu esperma e 15 meses depois nasceu nossa filha'
2025-03-19
Autor: Maria
A perda de um amor e a busca pela esperança
Ao acordar na manhã de 1º de janeiro de 2021, Ellidy Pullin sentiu-se mais sozinha do que nunca: enquanto todos comemoravam o início do novo ano, repletos de sonhos e esperanças, tudo o que ela amava e mais desejava havia sido deixado para trás em 2020.
"Ainda dói falar sobre aquele dia", disse Pullin em entrevista ao programa de rádio Outlook, da BBC. "Eu sabia que não se pode parar o tempo, nem impedir as pessoas de comemorar, mas o fato de que Chumpy estava sendo deixado para trás em 2020, me deixou com a maior, e mais terrível, sensação de vazio que já senti."
Um trágico acidente e a decisão difícil
Apenas seis meses antes, Ellidy havia perdido seu companheiro de quase dez anos, o bicampeão australiano de snowboard Alex Pullin — mais conhecido como Chumpy — em um trágico acidente de mergulho.
No dia anterior, seu corpo havia rejeitado um dos três embriões que os médicos conseguiram fecundar com o esperma de Alex, coletado 36 horas após sua morte inesperada. Esse procedimento de coleta de esperma post-mortem, embora ainda cercado de tabus, é uma técnica que vem ganhando atenção e é realizada comumente no mundo todo, principalmente em casos de perda repentina.
O processo de fertilização e a chegada de Minnie
Ellidy conheceu Chumpy em 2013, durante uma festa de aniversário, e logo foi amor à primeira vista. Desde então, o casal se tornou inseparável. Porém, o sonho de formar uma família começou a se tornar complicado. Após meses tentando engravidar sem sucesso, Ellidy foi diagnosticada com baixa reserva ovariana, levando o casal a considerar a fertilização in vitro como uma opção.
A tragédia aconteceu em julho de 2020, quando Chumpy foi mergulhar e sofreu um apagão em águas rasas, levando à sua morte precoce. Ellidy, ao receber a notícia, foi tomada por uma mistura de negação e incredulidade, algo que levou seu processo de luto a ser ainda mais doloroso.
Após a morte de Chumpy, sua amiga Chloe sugeriu a coleta de esperma post-mortem, e Ellidy, ainda em estado de choque, concordou rapidamente. Com a ajuda do irmão, conseguiram organizar o procedimento no tempo crítico e, surpreendentemente, conseguiram extrair esperma viável de Alex em condições muito difíceis.
Uma nova vida e um novo propósito
O processo de luto não foi fácil, e Ellidy descreveu os seis meses seguintes como um "estado vago e transitório", até que, em dezembro de 2020, ela sentiu uma forte urgência de ter um filho. Com o apoio da família de Chumpy, ela decidiu seguir em frente com o tratamento de fertilização e conseguiu implantar embriões viáveis, culminando na gravidez de Minnie, que nasceu em 25 de outubro de 2021.
A chegada de Minnie trouxe uma luz em meio à dor, e Ellidy percebeu que sua filha carrega um pedaço de Chumpy com ela. A vida de Ellidy agora se equilibra entre lembranças de amor e o desafio cotidiano de ser mãe solo de uma menina de três anos.
Ela reflete sobre a dor da perda, mas também sobre o novo propósito que encontrou em criar Minnie. Todos os dias, Ellidy fala sobre o pai à filha, explicando que ele está sempre presente, de alguma forma, sob as ondas ou nas estrelas. E ao olhar o mar ao entardecer, Ellidy comforta a pequena com a promessa de que Chumpy sempre estará olhando por elas.