Raízen em Transformação: CEO Nelson Gomes Anuncia Vendas de Ativos e Mudanças Estrutural
2024-12-05
Autor: Gabriel
A Raízen, um dos maiores conglomerados de bioenergia do Brasil, está passando por uma significativa transformação sob a nova liderança de Nelson Gomes, que assumiu a posição de CEO no início de novembro. A mudança de comando trouxe consigo não apenas uma nova visão, mas também rumores crescentes sobre a venda de ativos para melhorar a saúde financeira da empresa.
Recentemente, surgiram especulações sobre a venda de um conjunto de centrais de geração de energia renovável de pequeno porte, que poderiam render aproximadamente R$ 1 bilhão. Além disso, uma grande usina de açúcar e etanol em Leme, adquirida em 2021 por R$ 3,6 bilhões, também estaria disponível para negociação. Essas informações, publicadas pelo jornal Valor Econômico, reacenderam o debate sobre o futuro da Raízen e seu enorme potencial no mercado.
Em meio a isso, a Raízen também está considerando a venda de sua participação na rede de lojas de conveniência OXXO, em parceria com o grupo mexicano Fomento Económico Mexicano SAB. Este movimento faz parte de uma estratégia ampla de reestruturação, que visa não apenas gerar caixa, mas também reposicionar a empresa no competitivo setor de biocombustíveis, especialmente com o crescimento do mercado global para o etanol de segunda geração (E2G).
Desde a chegada de Gomes, os executivos da empresa têm adotado uma postura silenciosa em relação à nova estratégia, o que gerou um clima de expectativa e especulação no mercado. Pessoas próximas à empresa mencionaram que as mudanças eram necessárias dada a preocupação de acionistas sobre o fluxo de caixa da Raízen, que, apesar de seu tamanho, falhava em gerar capital suficiente devido à alta demanda de investimentos, principalmente em um cenário econômico onde os juros estão em elevação.
Gomes foi escolhido para liderar a empresa em um momento delicado. Ele já estava na Cosan, e sua nomeação visava responder às críticas sobre a gestão anterior que, segundo especialistas, era marcada por excessiva burocracia. Uma das metas claras atribuídas a Gomes é a de iniciar um amplo processo de reestruturação, que já conta com o novo CFO, Rafael Bergman.
Esperam-se ainda mudanças significativas na estrutura gerencial, com a eliminação de posições consideradas desnecessárias. O capital obtido com a venda de ativos, incluindo centrais fotovoltaicas e usinas de cogeração de energia, deve ser direcionado para equilibrar o caixa e reduzir a alavancagem da empresa.
Até agora, a Raízen tem enfrentado um aumento na alavancagem, que atualmente está em 2,6 vezes em relação à dívida líquida versus Ebitda ajustado. Analistas apontam que esse número, embora não alarmante em si, representa uma subida de 0,7 vezes em relação ao ano passado, sem retorno proporcional em geração de caixa.
Gabriel Barra, analista do Citi Brasil, destaca que, enquanto o setor agrícola e o mercado de etanol apresentam um cenário positivo, os investimentos da Raízen precisam ser ajustados. A expectativa é que o Capex diminua drasticamente de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões para cerca de R$ 10 bilhões anualmente, evidenciando uma abordagem mais cautelosa e seletiva nos aportes de capital.
Com tudo isso, o otimismo no mercado em relação às possíveis vendas e ao novo enfoque de gestão já impactou o valor das ações da Raízen, que teve uma leve recuperação nos últimos dias. O Citi, em seu relatório, sugeriu que a venda de ativos é uma estratégia que pode colocar a empresa de volta ao seu caminho de desalavancagem, oferecendo um futuro promissor para a Raízen em um mercado dinâmico e em crescimento.