Saúde

Revolução na Maternidade: Rio de Janeiro Registra Segundo Parto de Pessoa Trans pelo SUS

2024-12-16

Autor: Ana

Na última quinta-feira (12), Lucas Bernardo Alves, de 27 anos, fez história ao dar à luz sua filha, Maria Cecília, na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizada em Laranjeiras, na zona sul da cidade. Ele se tornou o segundo homem trans a ter suporte médico integral do Sistema Único de Saúde (SUS) para o parto, por meio do inovador programa Transgesta, do Ministério da Saúde.

Lucas compartilhou sua experiência, destacando que teve uma jornada bastante positiva: "Foi tudo super satisfatório. Estou muito feliz e satisfeito." Ele frisou que não enfrentou problemas relacionados ao uso de pronomes, uma questão comum enfrentada por muitas pessoas trans. Com um sorriso emocionado, mesmo sob efeito de anestesia, Lucas expressou sua gratidão à equipe de saúde por todo o carinho e profissionalismo durante o atendimento.

Essa iniciativa do SUS, por meio do programa Transgesta, visa fornecer cuidados respeitando a identidade de gênero dos pacientes e promovendo um atendimento acolhedor e crítico. O primeiro parto bem-sucedido pelo programa ocorreu em junho na Bahia, onde Bernardo Costa Silva, de 24 anos, também fez história.

Para garantir a saúde de mãe e filho, Lucas teve que suspender o uso de hormônios masculinizantes durante a gravidez, evitando assim riscos ao desenvolvimento do feto. Jair Braga, chefe da Divisão Médica da Maternidade Escola da UFRJ, fez questão de ressaltar a importância do treinamento que todos os colaboradores da maternidade recebem: "Todos os envolvidos precisam desse cuidado para evitar situações constrangedoras para o paciente. Sabemos que, muitas vezes, a falta de conhecimento pode levar a comentários infelizes."

Braga ressaltou que a capacidade de respeitar e promover uma experiência positiva é fundamental para a formação da equipe: "Queremos que o respeito seja a palavra-chave e que possamos replicar experiências tão únicas e maravilhosas quanto a do Lucas e de sua filha."

Maria Cecília nasceu saudável, e o parto transcorreu sem grandes complicações. O apoio emocional, bem como a presença da mãe de Lucas durante o processo, foram essenciais para a experiência.

Todo o pré-natal especializado que Lucas recebeu foi feito através do Transgesta, um programa que se dedica a atender pessoas que se identificam como transexuais, travestis, transgêneros, intersexo, e outras variantes de identidade de gênero. O acompanhamento incluiu uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, endocrinologistas, nutrólogos, obstetras e psiquiatras, visando garantir um cuidado integral e direcionado às necessidades individuais.

Para quem deseja acessar o programa no Rio, é necessário procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e ser encaminhado através do sistema público. A Maternidade Climério de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia, foi a primeira a realizar um parto de uma pessoa trans no Brasil pelo SUS, abrindo caminho para que outras unidades sigam o exemplo.

A iniciativa do programa Transgesta representa um avanço significativo na saúde pública, e é um testemunho de que, com respeito e oportunidade, todos podem viver sua verdade de maneira plena.