Sobrevivente Revela Torturas em Prisão Militar na Síria: Relato Chocante de Abusos
2024-12-12
Autor: Pedro
A prisão militar Saydnaya, em Damasco, foi palco de atrocidades sob o regime de Bashar Al-Assad. Recentemente, após a queda do presidente, surgiram relatos alarmantes sobre abusos que ocorreram dentro das paredes desta infame instalação. A prisão foi desativada e vários prisioneiros foram finalmente libertados.
Riad Halak, um alfaiate de 40 anos e pai de três filhos, foi um dos muitos que sofreram nas mãos da cruel estrutura de poder de Assad. Após um mês detido na base militar de Mazzeh, ele foi acompanhado por jornalistas da AFP em um retorno à sua antiga cela, onde reviveu as memórias de meses de tortura e humilhação.
Halak foi preso em 2011, durante a revolta popular que se transformou em uma guerra civil devastadora. Ao participar do funeral de manifestantes mortos pelas forças governamentais, ele foi detido e transferido para a base militar, onde enfrentou um verdadeiro calvário. "Fui amarrado e espancado durante um mês. Aqueles que se queixassem eram ameaçados com a transferência para lugares piores", contou Halak.
Agora, em um cenário de liberdade delicada, um retrato de Bashar Al-Assad está jogado no chão da antiga cela, símbolos do regime caído parados ao lado de uma realidade brutal que se recusa a desaparecer. Halak, após sua libertação, formou uma nova família e vive com cicatrizes invisíveis que as palavras não conseguem descrever. "É difícil dizer. Não tenho palavras, não consigo falar", lamenta ele, o peso da experiência ainda visível em seu semblante cansado.
A situação na base militar Mazzeh continua tensa, com helicópteros Mi-24 ainda posicionados em hangares e caças desativados ao longo da pista. Somente nesta semana, a base foi atacada por Israel, que alegou que a ação visava impedir que armas químicas chegassem a mãos erradas.
Mas isso não é tudo. A equipe de jornalistas da AFP fez uma descoberta alarmante: foram encontrados milhares de comprimidos de 'captagon' em um esconderijo próximo à pista de pouso. Essas drogas, notórias por seu uso no Oriente Médio, têm suas raízes na produção síria durante o regime de Assad, que financeiramente se beneficiou da venda dessa substância através do tráfico, mantendo assim o seu esforço de guerra. Apesar das sanções internacionais, as anfetaminas continuam a ser uma fonte de renda significativa para muitos grupos criminosos na região.
Com o conflito sírio ainda ressoando em cada canto do país, os ecos das torturas e do sofrimento continuam a ser uma lembrança da luta pela liberdade e justiça. A estrada para a cura pode ser longa e sinuosa, mas as vozes como a de Halak são cruciais na busca por um futuro melhor.