É alarmante a cena da prisão da estudante turca Rumeysa Ozturk, 30 anos, que foi capturada por agentes mascarados do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos em Massachusetts. A mulher, que é considerada uma defensora dos direitos dos palestinos, estava sob o radar das autoridades por suposta ligação a interesses que se opõem ao governo de Israel. Muçulmana e bolsista em um programa de pós-graduação da Universidade Tufts, ela teve seu visto de permanência revogado, gerando uma onda de indignação nos círculos acadêmicos e de direitos humanos.

Esse episódio não é um caso isolado. Trump, em sua administração, tem intensificado a presença policial nas ruas e persegue não apenas crimes, mas também opiniões divergentes, visando estabelecer um ambiente de limpeza étnica e ideológica nas universidades e demais instituições de ensino. A lei de 1798, criada em tempos de guerra e nunca utilizada em tempos de paz, está sendo ativada para deportar cidadãos de países considerados 'inimigos', atingindo especialmente a comunidade venezuelana, frequentemente associada a gangues e organizações criminosas.

O governo de El Salvador, em um acordo controverso, vem acolhendo prisioneiros dos EUA em suas prisões superlotadas, representando uma alarmante terceirização da violência. Muitas vezes, turistas e cidadãos comuns também se tornam vítimas, já que agentes de imigração têm autorização para invadir a privacidade de viajantes em busca de informações comprometedoras sem a necessidade de mandado judicial.

O controle ideológico se estende a escritórios de advocacia, que hesitam em defender causas que possam colocar em risco sua clientela. Museus e instituições de pesquisa, como o Smithsonian, enfrentam acusações de promover ideologia considerada inadequada, enquanto cientistas patrocinados pelo governo estão impedidos de participar de eventos internacionais sobre questões cruciais, como mudanças climáticas e vacinação.

A resistência contra essas políticas é quase inexistente. O jornalista Guga Chacra, em sua coluna no O Globo, destaca que as vozes dissonantes dentro do Partido Republicano se tornaram raras, com a liderança da minoria democrata no Senado não fazendo nenhuma oposição significativa. Universidades, como a prestigiada Universidade Columbia, têm se rendido a pressões para evitar a perda de financiamentos federais, resultando em limitações à liberdade acadêmica e um clima de medo.

Além de suas ambições políticas, Trump está mirando na Groenlândia e intimidando países vizinhos, posicionando-se como uma figura autoritária e corrupta, que inspira políticos como os da família Bolsonaro no Brasil. Trump não hesita em ameaçar juízes com impeachment se eles causarem dificuldades jurídicas para suas ações que ferem a Constituição.

Os Estados Unidos, que historicamente se orgulham de suas liberdades civis, estão vendo esses direitos escoarem entre os dedos. A nação parece estar à beira de uma nova era de repressão e autoritarismo, onde a liberdade e a democracia são cada vez mais ameaçadas.