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Trump Rebaixa Seu Enviado à Guerra Após Vetos de Putin

2025-03-23

Autor: Carolina

O que realmente aconteceu com Keith Kellogg? A indagação tem sido alvo de especulações nas esferas diplomáticas dos Estados Unidos desde que Donald Trump decidiu ligar para Vladimir Putin no dia 12 de fevereiro, dando início a discussões na tentativa de pôr fim ao conflito na Ucrânia, sem a presença do negociador-chefe da Casa Branca.

A explicação mais direta é que Kellogg foi descartado por Trump, após não conseguir atender às expectativas do presidente e ser informalmente vetado pelo Kremlin, que vê o general aposentado como um agente disfarçado da Ucrânia.

Na última sexta-feira (14), em um anúncio discreto nas redes sociais, Trump celebrou a nomeação de Kellogg como "enviado especial presidencial para a Ucrânia", mas omitiu "e Rússia" do título, o que é significativo. Kellogg, de 80 anos, esteve ativo na primeira administração Trump e, por sua proximidade com o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, parecia ser a escolha ideal para as negociações de paz.

Kellogg foi oficialmente designado para essa função em 27 de novembro, com sua primeira viagem pela Europa seguindo uma agenda que não contava com a Rússia, conforme observado por fontes ligadas ao Kremlin. Enquanto isso, uma série de contatos informais ocorria sem a coordenação do Departamento de Estado, algo que gerava frustração em Moscou.

A tensão cresceu para um ponto crítico na reunião EUA-Rússia em Riad, no dia 18 de fevereiro, onde o enviado escolhido estava longe de ser Kellogg, mas sim Steve Witkoff, um empresário do setor imobiliário. Essa troca levantou mais dúvidas sobre o papel de Kellogg nas discussões sobre a guerra na Ucrânia, uma vez que Witkoff e o secretário de Estado Marco Rubio estavam à frente nas negociações sem a presença de Kellogg.

Informações vazadas sugerem que Kellogg já era considerado uma persona non grata em Moscou, devido à sua relação anterior com Zelenski e a afirmações contidas em sua publicação no American First Policy Institute, onde dizia que a paz com Putin era impossível. Esse veto não foi a única razão para seu rebaixamento — a impaciência de Trump também desempenhou um papel crucial, com o presidente exigindo um plano infalível antes de sua ligação a Putin.

Enquanto Kellogg retornava da Europa sem ter ouvido os russos, suas sugestões acabaram sendo mais favoráveis às demandas de Kiev, algo que irritou Trump. O presidente, confiante em suas táticas negocial e ainda acompanhado por Witkoff, estava disposto a pressionar Zelenski e a tentar forçar Putin a concordar com um cessar-fogo, mesmo que a estratégia ainda não tivesse êxito.

Esta nova reviravolta nas negociações sugere que, para além de uma simples mudança de enviado, há uma luta interna pelo controle da narrativa e da estratégia dos EUA em relação à Ucrânia, uma questão que continua a ser de vital importância no cenário internacional.