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Trump usa caso da suspensão do X no Brasil como argumento em ação na Suprema Corte dos EUA

2024-12-30

Autor: Gabriel

Donald Trump voltou suas atenções para o Brasil em um esforço para argumentar contra a suspensão da plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, em sua luta legal na Suprema Corte dos EUA. O ex-presidente destacou a ameaça que a decisão brasileira pode representar a nível global, alertando sobre o estabelecimento de um "precedente preocupante".

"O Brasil, uma democracia ocidental com mais de 216 milhões de habitantes, fechou a plataforma X por mais de um mês", afirmou Trump em seu comunicado, chamando a atenção para o uso da plataforma na disseminação de informações durante um período eleitoral crítico. No entanto, a equipe jurídica de Trump distorce a razão pela qual o X foi suspenso, afirmando que o governo brasileiro exigiu que a plataforma censurasse vozes críticas.

O cerne da questão, de acordo com documentos entregues por sua equipe, é que a operação da plataforma no Brasil acabava ligando-se a um combate entre as autoridades brasileiras e uma rede de 'milícias digitais' que supostamente difundia notícias falsas e ameaçava membros do Judiciário.

Entretanto, a situação real é mais complexa. O Supremo Tribunal Federal do Brasil exigia que o X tivesse um representante legal no país, uma exigência que foi desrespeitada pela plataforma. O ministro Alexandre de Moraes destacou que a falta de cumprimento das legislações nacionais e decisões judiciais resultou na suspensão e apresentou sérios riscos para as eleições municipais de outubro.

Ao aproveitar a situação no Brasil, Trump parece tentar galvanizar apoio em casa, especialmente entre os simpatizantes de sua administração. Em um contexto em que as relações políticas estão se polarizando, a ação de Trump não só busca destacar a fragilidade das liberdades de expressão em outros países, mas também pode ser vista como um sinal de que suas futuras políticas podem favorecer aliados no Brasil, especialmente entre aqueles que sustentam a extrema direita.

Além disso, enquanto envolve o Brasil no debate sobre censura e liberdade de expressão, Trump também se mobiliza contra uma legislação nos EUA que pode impactar diretamente o TikTok, forçando a ByteDance a vender a plataforma ou enfrentar um banimento. O TikTok possui mais de 170 milhões de usuários apenas nos EUA e a pressão política em torno de sua propriedade chinesa é intensa. Recentemente, Trump se reuniu com o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, sugerindo uma mudança de tom em relação ao aplicativo, que no passado ele tentou bloquear.

Essa reviravolta pode indicar uma nova estratégia política de Trump, que ao mesmo tempo busca alinhar-se com plataformas populares e manter a narrativa de censura e controle. O caso brasileiro é, sem dúvida, um elemento que ele planeja explorar em sua campanha para a presidência em 2024, enquanto ele se prepara para tomar posse em 20 de janeiro e fortalecer sua nova agenda frente a um governo adversário, como o de Lula.