Ciência

UFMG Sedia Cúpula Global da Juventude pelo Clima, Preparatória da COP30

2025-04-01

Autor: Julia

A juventude global se destaca como a que mais deve se preocupar com a crise climática que enfrentamos. Afinal, são os jovens que herdarão um mundo em aquecimento e repleto de incertezas climáticas. No contexto preocupante da América Latina, onde as populações do Sul Global enfrentam de forma mais intensa os efeitos das mudanças climáticas, a necessidade de ação é ainda mais urgente.

De 2 a 5 de abril, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriga a Cúpula Global da Juventude pelo Clima 2025, evento que reunirá cerca de 200 jovens líderes climáticos de mais de 40 países, especialmente do Sul Global. Além das reuniões presenciais, 300 jovens ativistas participarão de debates virtualmente. O evento é uma colaboração entre o Centro Internacional de Liderança Juvenil Global (GYLC) e a UFMG, com o objetivo de capacitar jovens ao redor do mundo com conhecimentos sobre ciência climática e habilidades de liderança.

"Nosso foco não é apenas o futuro, mas também o presente; os efeitos das mudanças climáticas já estão entre nós. A capacitação dos jovens para defender a sustentabilidade ambiental e o conhecimento científico é essencial. Usamos essa abordagem durante a pandemia, e é assim que queremos enfrentar a crise climática", defende a reitora Sandra Regina Goulart Almeida. O evento não representa apenas um marco na UFMG, mas uma liderança nacional na defesa da ciência em um momento crítico, a poucos meses da COP30.

A Cúpula serve como um pré-evento para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025. Com mais de 4.000 candidaturas recebidas, os 200 delegados selecionados discutirão estratégias de combate à crise climática. Na cúpula, dez líderes de comunidades vulneráveis serão premiados com 1.000 dólares cada para implementar projetos voltados à sustentabilidade local e à biodiversidade.

Outras iniciativas, como a elaboração da 'Carta de Belo Horizonte', estão sendo esperadas. Essa carta será enviada às autoridades competentes, sugerindo ações concretas e objetivas a partir das discussões geradas no evento. O professor Ricardo Gonçalves, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, ressalta a importância das soluções discutidas e a repercussão que terão nas futuras decisões na COP30.

A questão da biodiversidade é outra questão central abordada na cúpula. Nesta edição, o professor Geraldo Wilson Fernandes, reconhecido especialista em biodiversidade, convida a todos a irem além das mudanças climáticas e integrarem a discussão à conservação dos ecossistemas. Ele explica que a perda de biodiversidade é irreversível e que a conservação deve ser priorizada nas discussões climáticas.

A primeira tarde da cúpula contará com a participação da jovem ativista indígena do Pará, Rayane da Silva França Xipaia, que compartilha sua experiência de formação com comunidades sobre as mudanças climáticas. Sua fala enfatiza o papel crucial dos povos indígenas no combate à crise, destacando como suas tradições de convivência sustentável com a natureza podem oferecer lições valiosas. “Temos muito a ensinar sobre a conservação", afirma Rayane.

Além de Rayane, jovens líderes climáticos do Japão, Quênia, África do Sul, Bangladesh, Peru e Gana também terão a chance de dialogar com autoridades presentes, sugerindo diretrizes e ações. Segundo Ejaj Ahmad, CEO da GYLC, essa cúpula é uma oportunidade vital para que as vozes da juventude contribuam para a agenda climática global. A pressão para que as comunidades mais afetadas pela crise climática, especialmente do Sul Global, liderem essas discussões e buscas por soluções é essencial nesta fase do debate global sobre o clima.