Nação

'Uma Manipulação Chocante': Ex-Moradora Revela Horrendos Episódios de Violência em Seita Controlada por Guru Suspeito de Estelionato no RS

2024-12-12

Autor: Matheus

Ex-integrante da polêmica comunidade Osho Rachana, em Viamão, RS, desabafa sobre experiências aterrorizantes

"Uma grande manipulação". Essa é a contundente definição de uma ex-moradora da seita liderada por Adir Aliatti, um homem de 69 anos que está sendo investigado pela Polícia Civil por diversas práticas abusivas, incluindo tortura psicológica, curandeirismo e estelionato. Na quarta-feira (11), a polícia cumpriu vários mandados de busca e apreensão na sede da comunidade, que atraiu muitos buscando soluções espirituais.

A mulher, que optou por permanecer anônima, contou à RBS TV que ingressou na seita em 2015 em busca de tratamento para sua depressão. Ela relatou ter permanecido na comunidade por dois anos e, durante um retiro de 21 dias, presenciou atos brutais do chamado 'líder espiritual' contra os participantes. "Ele puxou o cabelo e arrastou duas mulheres para fora da sala simplesmente porque não se comportaram como ele queria. Ele chegou a agredir uma delas fisicamente", disse a ex-moradora, visivelmente abalada.

A Polícia Civil destacou que Aliatti se apresentava como um guru espiritual e conduzia práticas de meditação, que incluíam sexo livre entre os membros da comunidade.

O advogado de defesa, Rodrigo Oliveira de Camargo, rebateu as acusações, afirmando que refuta as alegações e se colocou à disposição das autoridades. Ele garantiu que Aliatti confia na justiça e pretende esclarecer a situação quando necessário, alegando que os fatos não possuem substância.

Até o momento, mais de 20 ex-integrantes já foram ouvidos pela polícia, e muitos deles relataram experiências de tortura psicológica e violência patrimonial, além de crimes financeiros agravados pela pressão do "guru espiritual". O espaço da seita em Viamão, que abrange 42 hectares, chegou a acolher até 80 pessoas, que dividiam tarefas diárias e cultivavam produtos orgânicos vendidos localmente.

Um ex-integrante, que viveu na seita por 16 anos, inicialmente se encantou pela ideia de um lugar harmonioso em meio à natureza. "A ideia era viver em comunidade, dividir custos e contribuir juntos. Era um sonho", afirmou ele. Porém, tudo mudou após a pandemia, quando inconsistências financeiras começaram a aparecer. Participantes descobriram que o líder teria desviado grandes quantias de dinheiro, incluindo empréstimos que os membros tomavam por meio de coerção.

Uma mulher que também vivenciou a situação no local afirma ter investido cerca de R$ 100 mil em terapias que prometiam transformação espiritual e emocional, mas resultaram em destruição de seus sonhos. "A seita foi um buraco sem fundo que sugou tudo que eu tinha", desabafa.

As investigações iniciais indicam que o 'guru' teria desviado aproximadamente R$ 20 milhões de recursos da comunidade, utilizando o dinheiro para financiar seus próprios negócios, adquirir imóveis e até em apostas online. Segundo a delegada Jeiselaure de Souza, os relatos das vítimas começam a somar um prejuízo de aproximadamente R$ 4 milhões em um único ano devido à gestão caótica das finanças.

Os pacotes de imersão oferecidos pela seita, que variavam entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, além das mensalidades para permanecer no local, representavam um verdadeiro golpe às finanças dos envolvidos. Os depoimentos revelam que as vítimas eram manipuladas com base em segredos íntimos adquiridos durante as chamadas terapias, e que o guru ameaçava as pessoas ao descobrir suas vulnerabilidades.

As denúncias ao Ministério Público e as investigações da Polícia Civil colocam em evidência a situação alarmante que muitos buscadores de autoconhecimento enfrentaram sob essa suposta liderança espiritual. O caso está adquirindo notoriedade e levantando questões sobre como as seitas podem atuar em ambientes vulneráveis, explorando as fragilidades emocionais dos indivíduos.

Essa é uma história que continua a se desenrolar e promete novos desdobramentos, à medida que mais vítimas falam e mais evidências são coletadas. As autoridades estão em alerta, e a sociedade deve permanecer atenta a estas situações de abuso e manipulação, que podem estar mais próximas do que imaginamos.