Alerta Vermelho: Como a Ordenha de Vacas Pode Disseminar a Gripe Aviária e Ameaçar a Saúde Pública
2025-01-07
Autor: Mariana
Com a gripe aviária se espalhando rapidamente pelas fazendas de laticínios nos Estados Unidos, o cenário atual é alarmante. Desde março, mais de 850 rebanhos já foram infectados em 16 estados, com pelo menos 60 casos humanos, principalmente entre trabalhadores rurais. A Califórnia, que se tornou o epicentro do surto, tem visto um aumento significativo de infecções tanto em bovinos quanto em pessoas.
O vírus H5N1, temido por sua capacidade de transmissão, suscita preocupação entre especialistas, que inicialmente suspeitavam que a contaminação se dava principalmente pela respiração das vacas. Contudo, novas evidências indicam que o contágio acontece principalmente através do leite, que, uma vez contaminado, se torna um vetor eficiente de disseminação.
Curiosamente, embora a pasteurização inative o vírus, o patógeno foi recentemente encontrado em amostras de leite cru em pontos de venda na Califórnia. O Departamento de Agricultura dos EUA anunciou que começaria a testar o suprimento de leite no país em um esforço para conter o surto. Isso revela a gravidade da situação em que decisões políticas e de saúde pública estão interligadas, especialmente com a possibilidade de Robert F. Kennedy Jr. assumir o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, o que poderia levar a uma abordagem problemática em relação à saúde alimentar.
A indústria de laticínios dos EUA, que possui mais de 9 milhões de vacas leiteiras, produz impressionantes 600 milhões de libras de leite por dia. A consolidação no setor levou a um aumento no tamanho das fazendas e uma diminuição no número delas; em 1997, apenas 18% das vacas viviam em fazendas com mais de 1.000 animais, enquanto em 2022 esse número saltou para 65%.
Essa massificação das operações de ordenha apresenta riscos amplificados. Com os trabalhadores ordenhando vacas múltiplas vezes ao dia, um único vírus pode rapidamente se espalhar entre os animais e seus cuidadores. Uma análise do funcionamento em uma fazenda rumo à automação, como a Heeg Brothers Dairy, em Wisconsin, demonstra a complexidade e a necessidade de práticas seguras na ordenha.
Nesse tipo de fazenda com 1.730 vacas, os trabalhadores apertam manualmente as tetas, realizam desinfecção, e utilizam maquinário que, embora eficiente, também pode representar um risco de transmissão se as superfícies não forem corretamente limpas entre os diferentes animais. Além disso, gotículas de leite contaminado podem atingir os rostos dos trabalhadores, tornando-os vulneráveis à infecção.
A inovação tecnológica, como salas de ordenha robóticas, pode oferecer uma solução para reduzir o risco de contágio. Esses sistemas automatizados não apenas minimizam a interação humana, o que diminui as chances de transmissão do vírus, mas também são equipados com mecanismos de desinfecção que ajudam a manter as condições seguras. Há uma crescente demanda por essa tecnologia, embora a adoção seja lenta, com muitos fazendeiros ainda hesitando em fazer a transição.
Mesmo com a inovação, o desafio permanece, pois a presença do vírus no ambiente e nos suprimentos de leite pode ainda criar uma situação de risco de saúde pública. O potencial para um surto em grande escala levanta sérias preocupações não apenas para a saúde animal, mas também para a segurança alimentar, especialmente em um contexto onde os consumidores estão cada vez mais conscientes da origem e qualidade dos produtos que consomem.
Com a situação se desdobrando, muitos fazendeiros enfrentam uma série de desafios adicionais, desde condições climáticas extremas até flutuações nos preços. A gripe aviária, como apontou Jay Heeg, é apenas mais uma ameaça em um campo já difícil. A necessidade urgente de medidas eficazes para monitoramento e controle de doenças nunca foi tão urgente.