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Argentina em Alerta: A 'Tensão Pré-Desvalorização' e Seus Impactos Sociais

2025-03-28

Autor: Pedro

A Argentina está vivendo um momento de intensa ansiedade econômica à medida que se aproxima de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Após o peso argentino ter sido uma das moedas mais valorizadas frente ao dólar em 2024, a desvalorização da moeda nacional está gerando um clima de nervosismo, levando muitos argentinos a procurar o dólar como abrigo financeiro. O Banco Central da República Argentina (BCRA) injetou até meados desta semana US$ 1,3 bilhão para tentar estabilizar tanto a cotação oficial quanto a do dólar blue, a moeda paralela que tem ganhado destaque nas transações diárias.

O recém-empossado presidente Javier Milei enfrenta crescente pressão, com protestos sociais envolvendo aposentados e grupos de torcedores de futebol, que têm se unido em suas reivindicações. Ele revelou, em entrevista, que acredita que seu governo está sendo alvo de tentativas de desestabilização, tanto nas ruas quanto nos mercados: "Não se trata somente de economia, há uma tentativa de golpe institucional".

A cotação do dólar blue disparou para 1.300 pesos, uma alta preocupante em comparação ao início do mês, quando era cerca de 1.260 pesos. Com a crescente incerteza econômica, a possibilidade de uma mudança para um sistema de flutuação cambial começa a ser discutida, o que intensifica ainda mais a ansiedade entre os cidadãos. Especialistas financeiros ressaltam que muitos argentinos estão recorrendo à compra de dólares como uma estratégia para proteger seu patrimônio. Em conversas em grupos de WhatsApp, a venda de dólares está em alta, com uma compra de mil dólares levando a um ganho considerável em poucos dias.

À medida que agências bancárias relatam um aumento nas retiradas de aplicações em pesos para a compra de dólares, os economistas monitoram com preocupação a situação. Fernando Corvaro, analista, indicou que é importante capitalizar o BCRA para garantir a estabilização econômica e a recuperação do acesso aos mercados internacionais.

Além dos US$ 20 bilhões do FMI, é esperado que a Argentina receba aproximadamente US$ 50 bilhões, incluindo recursos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Contudo, a falta de clareza sobre o desembolso desses fundos está alimentando os temores no mercado, levantando a questão de como isso pode afetar a inflação e o risco país.

Em um contexto onde muitos argentinos já estão buscando alternativas, como viajar para o exterior em busca de preços mais baixos, o país se tornou um dos mais caros da América Latina. Um diplomata estrangeiro recentemente comentou a diferença de preços, destacando que itens de supermercado na Europa custam metade ou até menos do que os preços em sua terra natal. A quantidade de argentinos viajando para fora do país em busca de melhores oportunidades financeiras cresceu significativamente, com 1,9 milhão de pessoas saindo em janeiro, um aumento notável em relação ao mesmo mês do ano anterior. O cenário argentino continua a evoluir rapidamente, e a população permanece apreensiva quanto ao futuro de sua economia.