Ciência

Astrônomos em Alerta: Megaprojeto Energético Pode Ameaçar Observatório Paranal

2025-01-10

Autor: Fernanda

Uma onda de preocupação tomou conta da comunidade científica após o Observatório Europeu do Sul (ESO) emitir um alerta alarmante sobre um megaprojeto energético a ser construído próximo ao famoso Observatório Paranal, localizado no deserto do Atacama, norte do Chile. Esta construção visa produzir hidrogênio e amônia verdes, mas a ameaça de poluição luminosa está gerando inquietação entre astrônomos.

O projeto, desenvolvido pela empresa chilena AES Andes em Taltal, está a apenas 5 a 11 quilômetros de distância de Paranal, onde se encontra o Very Large Telescope, um dos mais poderosos telescópios óticos do mundo. Além disso, a nova construção do Extremely Large Telescope, que terá capacidade ainda maior, está em andamento na mesma região.

Xavier Barcons, diretor-geral do ESO, expressou sua preocupação: "As emissões de poeira durante a construção, o aumento da turbulência atmosférica e, especialmente, a poluição luminosa, terão um impacto irreparável nas capacidades de observação astronômica". Este alerta ressalta a importância do céu limpo e escuro para a pesquisa astronômica.

Inaugurado em 1999, Paranal é um dos melhores locais do planeta para a observação do espaço, por conta de seu clima seco, elevada altitude e minimização de nuvens. O complexo é parte de uma rede de observatórios reconhecidos internacionalmente, incluindo o radiotelescópio Alma e o telescópio óptico de La Silla.

A AES Andes, que pretende iniciar a construção, anunciou que o projeto também inclui o desenvolvimento de energia solar, eólica e armazenamento em baterias, em um esforço para aumentar a matriz energética renovável do Chile. Em dezembro passado, a companhia disse que a proposta visava contribuir para a transição energética do país, porém não se manifestou sobre a preocupação levantada pelo ESO.

Itziar de Gregorio, representante do ESO no Chile, enfatizou que "é crucial considerar localidades alternativas para este megaprojeto que não coloquem em perigo um dos tesouros astronômicos mais importantes do mundo". A comunidade espacial observa com ansiedade enquanto o Chile implementa uma nova regulamentação de luminosidade a partir de outubro de 2024, que visa proteger as áreas em torno dos observatórios, além de cuidar da saúde de pessoas e animais.

Essa nova norma estabelece limites de luminosidade e horários máximos para o funcionamento de letreiros publicitários. A mudança também incentiva a adoção de iluminação quente, que gera menos poluição luminosa. A tensão entre o desenvolvimento energético e a preservação da pesquisa científica está em foco, e a decisão a ser tomada poderá influenciar tanto a eficiência energética do país quanto o futuro da astronomia no Chile. A pergunta que fica é: será que os interesses energéticos do país irão prevalecer sobre um dos maiores patrimônios científicos do mundo?