Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante nos casos de coqueluche, com os estados de São Paulo e Paraná liderando em notificações. Até agora, São Paulo registrou 1.049 casos, enquanto o Paraná conta com 1.767 confirmações. A faixa etária mais afetada em 2024 é de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, com 1.066 infecções registradas, seguido por bebês menores de 1 ano, que já totalizam 720 casos.

Por Que Existe Esse Aumento?

A imunidade contra a coqueluche, causada pela bactéria Bordetella pertussis, não é permanente. Assim, quem já teve a doença pode ser infectado novamente. Além disso, a eficácia das vacinas dura em média entre cinco a sete anos. Conforme alerta o especialista Richtmann, é esperado que a cada certo período haja um crescimento nos casos devido a esse fator.

Outro ponto crítico é a alta transmissibilidade da coqueluche; uma pessoa infectada pode transmitir a doença para até 17 outras pessoas através de gotículas respiratórias. O principal sintoma da infecção é a tosse persistente, que pode ser gravíssima, especialmente em recém-nascidos.

Cobertura Vacinal Abaixo do Ideal

Dados do Ministério da Saúde demonstram que a cobertura vacinal em 2024 das vacinas pentavalente e DTP (tríplice bacteriana) é insuficiente, alcançando apenas 87% do público-alvo (crianças menores de 1 ano). A vacina dTpa, que protege adultos e gestantes, chegou a 86% da cobertura. O ideal seria que pelo menos 95% da população estivesse imunizada.

Os reforços vacinais também são uma forte necessidade. O calendário nacional prevê que a vacina pentavalente seja administrada aos 2, 4 e 6 meses de vida, e os reforços da DTP aos 15 meses e 4 anos. Contudo, mais de 86% de cobertura foi registrado apenas no primeiro reforço para bebês. A falta de vacinação regular em adultos, que deve ocorrer a cada 10 anos, também contribui para a disseminação da bacteriose.

Hesitação Vacinal e Diagnóstico Tardio

A hesitação vacinal torna-se um desafio, pois mesmo com vacinas comprovadamente eficazes, notícias falsas podem atrapalhar a aceitação da imunização. Uma pesquisa do Ipec revelou que 22% das gestantes falham em reconhecer que a vacinação durante a gravidez protege tanto a mãe quanto o bebê. O diagnóstico tardio é outro problema, já que sintomas como tosse persistente e febre podem facilmente ser confundidos com outras doenças, dificultando a detecção precoce da coqueluche.

Genética da Bactéria e Viagens Internacionais

Pesquisadores apontaram que a Bordetella pertussis está passando por mutações genéticas, impactando na eficácia das vacinas. Além disso, a movimentação de pessoas, especialmente por conta de viagens internacionais, possibilita a propagação da doença nas áreas com baixa cobertura vacinal.

Sintomas e Tratamento da Coqueluche

Os sintomas da coqueluche podem ser divididos em três fases: 1. **Fase 1 (catarral)**: duração de uma a duas semanas, com sintomas leves como coriza e tosse seca. 2. **Fase 2**: de duas a seis semanas, com tosse intensa e episódios de vômito. 3. **Fase 3 (convalescença)**: pode durar meses, marcada por tosse persistente e recuperação lenta.

O tratamento deve ser iniciado o quanto antes e consiste em antibióticos específicos para conter a infecção e evitar a transmissão.

Quando Procurar Ajuda Médica?

Se uma tosse persistir por mais de uma semana, é fundamental buscar atendimento médico, pois pode ser indício da doença. E se houver contato com alguém infectado, a profilaxia com antibióticos é recomendada, além da vacinação para gestantes.

Prevenção é Fundamental

A vacinação é a melhor forma de prevenção contra a coqueluche. Bebês devem ser vacinados aos 2, 4 e 6 meses de vida, com reforços aos 15 meses e aos 4 anos. Adolescentes e adultos devem tomar a vacina a cada 10 anos, com ênfase na importância para gestantes e profissionais da saúde. É crucial que a população esteja atenta e que as vacinas sejam vistas como uma medida indispensável para prevenir doenças graves e potencialmente fatais. Proteger sua saúde e de sua família nunca foi tão importante!