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China Fortalece Relação com o Brasil em Tempos de Incerteza Para os EUA e Trump

2024-11-17

Autor: Matheus

China Fortalece Relação com o Brasil em Tempos de Incerteza Para os EUA e Trump

A aguardada visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, iniciando neste domingo (17 de novembro de 2024), destaca o crescente papel da China na América Latina ao longo das últimas duas décadas. A presença de Xi neste momento se contrasta com a diminuição da influência dos Estados Unidos, cuja representação está a cargo de Joe Biden, um presidente que se aproxima do final de seu mandato.

Xi Jinping e Biden convergem para o Brasil a fim de participar da Cúpula de Líderes do G20, que acontecerá no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro. Antes disso, ambos se encontraram no Peru durante a reunião da Apec (Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico).

Enquanto no Peru a China celebrava a inauguração do Porto de Chancay, um investimento colossal que promete revitalizar o comércio entre os continentes via Pacífico, a volta da influência chinesa na América do Sul é evidente. A China já é a maior parceira comercial extrarregional da maioria dos países sul-americanos, superando os EUA, que dominaram o cenário até o final do século XX.

Com Biden largando a presidência em 20 de janeiro de 2025, e Donald Trump (Republicano) voltando para um segundo mandato, a dinâmica política poderá mudar potencialmente o direcionamento das relações entre Brasil e Estados Unidos. Durante sua campanha, Trump indicou uma política protecionista que pode restringir a entrada de produtos chineses, levando o Brasil a se voltar ainda mais para a China em busca de parcerias comerciais.

No auge de suas funções, Biden buscará se encontrar com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na próxima terça-feira (19 de novembro) em uma reunião que deve ter uma atmosfera cordial, mas limitada em termos de resultados tangíveis. Já Xi Jinping será recebido em Brasília com honras de chefe de Estado na quarta-feira (20 de novembro), onde Brasil e China devem assinar uma série de acordos comerciais e diplomáticos.

Entretanto, é relevante pontuar que o governo brasileiro optou por não assinar a adesão à Iniciativa Cinturão e Rota. O Brasil, ao buscar investimentos chineses, visa preservar sua autonomia ao não se vincular diretamente a uma estratégia geopolítica ousada de Xi Jinping. As áreas prioritárias para investimentos incluem grande infraestrutura, energias renováveis, e modernização industrial.

O recente passeio diplomático da China pela América Latina está se intensificando. Não apenas o Porto de Chancay foi um passo significativo, mas a China também se estabeleceu como o maior parceiro comercial de países como Brasil, Chile, Venezuela e Bolívia, com um foco crescente na exportação de bens manufaturados. Em uma estimativa impressionante, os investimentos da China na região alcançam a marca de US$ 286 bilhões.

Antes de sua chegada ao Brasil, Xi Jinping inaugurou oficialmente o Porto de Chancay, prometido como um hub logístico estratégico, e com a profundidade de 18 metros, deverá transformar o comércio na região. Além disso, a China tem se mostrado muito competitiva no setor de veículos elétricos, tendo capturado uma fatia de 91,4% desse mercado no Brasil no primeiro semestre de 2024.

Analistas dos EUA estão observando com apreensão o que o retorno de Trump pode significar para as relações comerciais nos países da América Latina, especialmente se ele aplicar medidas protecionistas que poderiam impactar indústrias brasileiras que dependem de produções chinesas para sua cadeia de fornecimento. Trump poderia elevar as tarifas sobre produtos chineses, sugerindo um possível resfriamento nas relações entre Brasil e Estados Unidos.

Com o aumento da presença chinesa e a diminuição do interesse americano por investimentos na América Latina, o vetor econômico pode estar se movendo. O Brasil precisa agora navegar entre manter relações saudáveis com os EUA e explorar mais profundamente sua parceria com a China. O futuro das relações comerciais será moldado pelos interesses e decisões de ambos os lados, e tudo aponta para um fortalecimento significativo da conexão Brasil-China nos próximos anos.