Uma equipe de cientistas fez uma descoberta revolucionária no campo da saúde e bem-estar: desenvolveram uma molécula que simula as respostas metabólicas do corpo após um exercício intenso e jejum. O professor Thomas Poulsen, do departamento de Química da universidade responsável pelo estudo, afirma: "Essa molécula permite que o corpo atinja um estado metabólico similar a correr 10 quilômetros em alta velocidade, mesmo sem ter consumido alimentos".

Pesquisas indicam que muitos dos benefícios associados ao exercício e à restrição calórica estão intimamente ligados ao aumento de substâncias como lactatos e cetonas no organismo. Essas moléculas são essenciais, pois funcionam como uma fonte poderosa de energia para as células. O lactato, por exemplo, é gerado pela quebra da glicose, enquanto as cetonas provêm da metabolização de gorduras.

O aumento dos níveis desses compostos no sangue também eleva a produção de um hormônio que suprime o apetite e reduz a quantidade de ácidos graxos livres circulantes, contribuindo assim para a diminuição do risco de síndromes metabólicas.

Entretanto, o professor Poulsen ressalta que tentativas anteriores de obter esses benefícios através da alimentação falharam, devido à presença de subprodutos indesejáveis. Portanto, o foco foi desenvolver a nova molécula, chamada LaKe, após três anos de pesquisa. Durante testes em camundongos, os resultados mostraram que a introdução de LaKe resultou em um aumento benéfico dos lactatos e cetonas no organismo, além de níveis mais baixos de ácidos graxos livres e maior produção do hormônio da saciedade.

"Esses resultados são promissores e demonstram que LaKe pode ser uma excelente candidata para manipular de forma controlada os níveis de lactato e cetonas no plasma, desencadeando reações biológicas favoráveis", afirmam os autores do estudo.

Caso os ensaios clínicos em humanos confirmem a segurança e eficácia da pílula, a expectativa é que LaKe se torne um avançado suplemento nutricional. Isso pode ser um divisor de águas principalmente para indivíduos que têm dificuldade em seguir rotinas rigorosas de exercícios e dietas restritas. "Manter a motivação para exercícios intensos e jejuar pode ser desafiador. Para aqueles com problemas de saúde, como um coração debilitado, um suplemento desse tipo pode ser crucial para uma recuperação mais eficaz", acrescenta Poulsen.

A pesquisa sobre moléculas que imitam os efeitos do exercício físico está em ascensão. No final de 2022, cientistas das Universidades de Washington e da Flórida publicaram um estudo no Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics sobre outra molécula, o SLU-PP-332. Este composto atua de maneira distinta e foca em proteínas que ativam metabolismo em tecidos de alta energia, como músculos e coração. Experimentos mostraram que camundongos obesos tratados com SLU-PP-332 apresentaram uma significativa redução de gordura sem alteração na dieta ou atividade física.

Essas descobertas fazem parte de um movimento crescente na ciência que busca entender como imitar os efeitos dos exercícios através de intervenções químicas. Pesquisadores das Escolas de Medicina de Baylor e Stanford também investigaram essa temática e, em um estudo publicado em 2022 na revista Nature, abordaram o papel de uma nova molécula, Lac-Phe, gerada a partir do lactato, na redução do apetite e na obesidade em camundongos.

Se você já imaginou pílulas que possam substituir horas suadas na academia, prepare-se: a revolução nos suplementos nutricionais pode estar a caminho!