A tão aguardada divulgação dos espelhos das redações do Enem 2024 aconteceu nesta sexta-feira (14), marcando a espera de dois meses após a liberação das notas dos candidatos. Nesta edição, surpreendentemente, apenas 12 participantes atingiram a nota máxima de mil, o que representa o menor número de notas máximas registrado nos últimos 10 anos.

O Enem, que tem se tornado um dos principais meios de acesso ao ensino superior no Brasil, não apenas testa os conhecimentos dos alunos, mas também gera debates importantes sobre temas variados, como a valorização da cultura e da história afro-brasileira.

A profunda análise da influência da cultura africana no Brasil é essencial, especialmente ao relembrarmos o "ciclo do ouro", que ocorreu no século XVIII. Esse período não apenas trouxe uma maior quantidade de escravos africanos ao Brasil, mas também resultou em terríveis consequências sociais e culturais. As diferenças culturais entre os grupos africanos ficaram apagadas, e muitos aspectos de suas identidades foram sacrificados em nome de uma homogeneização forçada.

Atualmente, ainda vivemos a consequência desse passado. A cultura africana no Brasil enfrenta desafios significativos, sendo alvo de desvalorização nas políticas públicas e falhas no sistema educacional. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, a falta de diretrizes claras e a anomia social desestabilizam a sociedade. No Brasil de hoje, essa falta de estrutura resultou em desrespeito às religiões de matriz africana e em uma escassez de representatividade em diferentes espaços sociais.

As falhas educacionais são outro fator que agrava essa situação. O filósofo Immanuel Kant nos lembra que a educação molda o ser humano. Neste contexto, a educação que marginaliza a cultura africana perpetua preconceitos e visões distorcidas sobre suas contribuições para a sociedade brasileira. Isso é evidente nas aulas que muitas vezes não abordam a riqueza cultural das raízes africanas e suas influências na gastronomia, na dança e nos rituais religiosos, que incluem icônicos símbolos como o acarajé, o tambor de crioula e o candomblé.

A valorização da herança africana no Brasil é urgente e deve ser priorizada. Para isso, o Governo Federal deve trabalhar em conjunto com os governos estaduais e municipais para implementar políticas públicas que não apenas reconheçam, mas também celebrem a diversidade cultural. Além disso, a reforma educacional é imperativa para que as novas gerações compreendam e respeitem a rica pluralidade cultural que compõe a identidade brasileira.

A sociedade brasileira precisa urgentemente de mudanças concretas para que possamos evitar o risco de repetir os erros do passado e, assim, construir um futuro mais inclusivo e representativo. O legado africano, tão fundamental para a formação da identidade nacional, merece ser reconhecido, valorizado e preserved.