Saúde

Entre a fila do SUS e a vida: espera para consultas bate recorde e dura em média 57 dias; veja quanto tempo leva em cada estado

2025-03-16

Autor: Ana

A espera por atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) atingiu um novo recorde. Dados revelam que pacientes precisam aguardar, em média, 57 dias para conseguir uma consulta médica em 2024. Este tempo de espera sobressai até mesmo ao período crítico da pandemia em 2020, que havia registrado uma média de 50 dias.

Essa situação angustiante é vivida por muitas pessoas, como Priscila, moradora de Nova Iguaçu, que está à espera de uma consulta para seu filho diagnosticado com autismo. "Fiquei sem previsão de atendimento. O que posso fazer é esperar, enquanto meus filhos necessitam de ajuda e estão regredindo", desabafou.

Uma ferramenta desenvolvida pelo GLOBO, utilizando dados do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), permite a consulta do tempo médio de espera em cada estado e no Distrito Federal, tanto para consultas quanto para cirurgias. Encontramos que 5,7 milhões de pessoas estavam na fila para consultas em janeiro, o que equivale a quatro em cada cinco habitantes do Rio de Janeiro.

Entretanto, essa média de 57 dias não representa a realidade em todos os locais. Em Mato Grosso, pacientes que precisam de avaliação em genética médica enfrentam uma espera média de impressionantes 721 dias, ou seja, dois anos. Por outro lado, algumas especialidades, como a oftalmologia, têm uma demanda menos complexa com um tempo médio de espera de 83 dias.

O novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assumiu a pasta com a promessa de reduzir essas filas, especialmente após a falha do programa anterior, que visava agilizar o acesso aos especialistas. O Governo está sob pressão para apresentar resultados, já que a gestão atual quer tornar essa temática um ponto forte para as eleições de 2026.

O Ministério da Saúde ainda apontou que, apesar das dificuldades, houve um recorde histórico no número de cirurgias eletivas realizadas no ano passado, totalizando mais de 14 milhões, um aumento significativo em relação a 2022.

Infelizmente, as informações têm suas falhas, pois nem todos os estados reportam adequadamente seus dados, e cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte utilizam seus próprios sistemas que não são conectados ao do SUS.

Recentemente, o Ministério anunciou um novo sistema chamado E-SUS Regulação que promete mudar a forma como os dados sobre filas e atendimentos são geridos, embora ainda não haja um prazo para sua implementação.

A realidade de Vera Lúcia Gentil, aposentada de 61 anos de Brasília, ilustra as consequências desse atraso. Após descobrir um tumor cerebral, Vera enfrentou meses de espera até ser atendida por um neurologista e, ainda assim, teve que pagar por um exame particular devido à longa fila.

Pacientes que precisam de cirurgias oncológicas estão aguardando em média 188 dias, muito além dos 60 dias previstos por uma lei federal para o início do tratamento. Especialistas, como Carla Pintas Marques, defendem uma reformulação no sistema do SUS para que os pacientes não tenham que se submeter a inúmeras filas.

Com o aumento da demanda pós-pandemia e o represamento de atendimentos, a situação apenas se agrava, ressaltando a urgência de um plano eficaz para resolver essas crises nas filas do SUS.