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Ibovespa despenca para 123 mil pontos devido ao risco fiscal; Dólar atinge máxima histórica a R$ 6,09

2024-12-17

Autor: Fernanda

O Ibovespa (IBOV) enfrenta uma pressão intensa e caiu pela terceira sessão consecutiva, refletindo um aumento significativo no risco fiscal. A expectativa é que o pacote fiscal só seja aprovado pelo Congresso Nacional no próximo ano.

Nesta segunda-feira (15), o principal índice da bolsa brasileira caiu 0,84%, fechando em 123.560,06 pontos. Esse cenário negativo não se limita à bolsa, pois o dólar à vista (USBRL) fechou a R$ 6,0934 (+1,03%), marcando o maior valor nominal de fechamento da história, mesmo com intervenções do Banco Central no câmbio.

Diante desse panorama, os investidores estão aumentando a aversão ao risco. Economistas consultados pelo Banco Central elevaram suas projeções para a inflação e o dólar para os anos de 2024 e 2025, especialmente após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic para 12,25% ao ano.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve uma reunião crucial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo para discutir medidas fiscais emergenciais. Haddad revelou que Lula fez um apelo enfático para que as propostas do governo não sejam debilitadas.

Durante uma entrevista no programa 'Fantástico', Lula enfatizou que ninguém tem mais responsabilidade fiscal do que ele e criticou as altas taxas de juros. Ele afirmou que o governo está fazendo 'o que é possível' com o pacote fiscal enviado ao Congresso e reiterou que a única coisa errada no Brasil é a taxa de juros acima de 12%. Essa afirmação levanta questões sobre a eficácia das políticas econômicas em um momento tão crítico.

Movimentos do Ibovespa

No dia de hoje, as ações da Automob (AMOB3) estrearam na B3, integrando o Ibovespa e alcançando uma valorização impressionante de mais de 200% logo no primeiro dia de negociações, liderando os ganhos do índice. Por outro lado, as ações do Grupo Pão de Açúcar (GPA; PCAR3) também se destacaram positivamente, impulsionadas pelas negociações potenciais com a rede de supermercados Dia.

Entretanto, as notícias não são todas positivas. As ações da Vamos (VAMO3) despencaram mais de 8%, pressionadas pela escalada da curva de juros, afetando negativamente as ações do setor de consumo. Além disso, a mineradora Vale (VALE3) viu sua ação cair pela quinta vez consecutiva, à medida que as incertezas em torno do crescimento da China continuam a impactar o mercado. Embora o minério de ferro tenha registrado alta de 0,50% nas bolsas chinesas, esse desempenho não foi suficiente para segurar as quedas da mineradora.

Por fim, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) também fecharam em queda, influenciadas tanto pela aversão ao risco em âmbito nacional quanto pelo desempenho decepcionante do petróleo no mercado internacional.

Cenário Internacional

No cenário externo, investidores nos Estados Unidos reavaliam as expectativas para a última decisão de política monetária do ano, programada para esta semana. A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), está agendada para os dias 17 e 18 de dezembro. Até o momento, a maioria está apostando em um corte de 25 pontos-base na taxa de juros, situando-se na faixa de 4,25% a 4,50%.

Enquanto isso, o índice Nasdaq atingiu um novo recorde de fechamento, impulsionado por um forte desempenho das ações da Broadcom, que subiram mais de 10% após o anúncio de previsões otimistas. Em contraste, o Dow Jones registrou sua oitava queda consecutiva, a maior sequência de perdas desde 2020.

Esses movimentos refletem não apenas a turbulência interna, mas também a fragilidade de um mercado global que ainda se ajusta às realidades econômicas pós-pandemia.