Tecnologia

Inteligência Artificial Pode Prever Risco de Câncer de Mama Através de Exame de Sangue Comum

2024-10-03

Imagine um futuro onde exames de sangue normais, realizados para verificar qualquer outra questão de saúde, possam detectar o risco de câncer de mama. Essa possibilidade não é mais um sonho distante, mas uma realidade que começa a se concretizar com a ajuda da inteligência artificial (IA).

Daniella Castro Araújo, uma engenheira de produção com doutorado em IA e cofundadora da startup Huna, está liderando uma iniciativa que visa transformar os hemogramas em ferramentas úteis para detectar precocemente o câncer de mama. Segundo Daniella, sistemas de saúde, incluindo o SUS, poderiam utilizar esse algoritmo para identificar e priorizar mulheres em maior risco para realização de mamografias, potencialmente salvando vidas.

A pesquisa inovadora, que foi publicada na revista Nature Scientific Reports em maio de 2023, envolveu a análise de hemogramas de mais de 396 mil mulheres entre 40 e 70 anos. Esses exames foram coletados nos seis meses anteriores ao diagnóstico de câncer, revelando dados preciosos sobre a correlação entre resultados de hemograma e a probabilidade de câncer de mama.

Os resultados mostraram que, ao direcionar os esforços apenas para aquelas identificadas com alto risco pela IA, a taxa de detecção de câncer aumentaria exponencialmente: de um caso a cada 500 mamografias realizadas, para um caso a cada 100. Essa abordagem não elimina a necessidade de exames para todas as mulheres, mas otimiza o processo, assegurando que aquelas que realmente precisam de atenção médica a recebam mais rapidamente.

A análise do hemograma não requer exames novos ou custo adicional. A IA utiliza os dados já disponíveis para calcular uma série de parâmetros, incluindo hematócrito e volume corpuscular médio, e combina esses dados com informações como idade e índices de glóbulos brancos.

Uma das grandes vantagens da ferramenta desenvolvida pela Huna é a capacidade de antecipar o diagnóstico de câncer em até 16 semanas, tempo crítico para o tratamento e recuperação. Isso significa um verdadeiro ganho na linha do tempo da saúde das pacientes, onde cada semana conta.

A inteligência artificial se destaca pela sua habilidade de identificar padrões complexos, que poderiam passar despercebidos por humanos. "Não se trata apenas de cálculos simples, mas de relacionamentos e correlações muitas vezes invisíveis a olho nu", explica Daniella. O oncologista Pedro Henrique Araújo, diretor médico da Huna e com vasta experiência no INCA, complementa que a IA pode ampliar nossa visão sobre o estado inflamatório que está frequentemente relacionado ao câncer, proporcionando uma análise mais acurada.

Embora a IA não seja infalível, seu uso oferece uma esperança significativa para as mulheres em risco de câncer de mama, posicionando a tecnologia como uma aliada poderosa na luta contra essa doença devastadora. Com a introdução dessa abordagem, estamos a um passo mais perto de diagnósticos mais rápidos e de tratamentos mais eficazes. Não perca a oportunidade de conhecer mais sobre como a IA pode transformar sua saúde!