
Irã aumenta vigilância com drones e reconhecimento facial sobre o uso do hijab, revela missão da ONU
2025-03-15
Autor: Julia
O regime teocrático do Irã intensificou suas estratégias de controle, utilizando tecnologias avançadas como reconhecimento facial e drones, para monitorar o uso do hijab, o véu muçulmano obrigatório, entre as mulheres. Essa modernização das táticas de vigilância visa reprimir a liberdade feminina e silenciar qualquer forma de dissidência, conforme apontado em um relatório recente da ONU.
A investigação da Missão Internacional Independente de Investigação de Fatos das Nações Unidas revelou que o governo iraniano implantou drones em várias cidades, incluindo Teerã, para verificar se as mulheres estão seguindo a normativa do hijab. A integrante da missão, Shaheen Sardar Ali, destacou o aumento drástico da vigilância através de aplicativos e tecnologias de reconhecimento facial, que têm como objetivo específico monitorar o vestuário das mulheres.
A revolta no país teve origem na morte trágica de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos, que foi detida por violar as regras de vestimenta e morreu sob custódia das autoridades de segurança. O caso desencadeou violentos protestos, com a repressão estatal sendo apontada pela ONU como uma violação grave dos direitos humanos, comparável a crimes de guerra.
Sara Hossain, presidente da missão, expressou preocupação com a contínua criminalização e repressão de manifestantes, especialmente mulheres e meninas. Os investigadores relataram que, até o momento, dez homens foram executados no contexto dos protestos, e pelo menos 14 pessoas, entre homens e mulheres, enfrentam risco iminente de execução.
A missão da ONU, que coletou 38 mil itens de evidência e entrevistou 285 vítimas e testemunhas em dois anos de trabalho, apresentará oficialmente o relatório ao Conselho de Direitos Humanos. Este estudo ressalta como o governo iraniano está utilizando ferramentas digitais para ampliar seu controle, restringindo a liberdade de expressão e controlando narrativas dentro da sociedade.
Um exemplo preocupante do uso de tecnologia para repressão é o aplicativo Nazer, que permite aos usuários registrar informações como placas de veículos e locais onde mulheres foram vistas sem hijab. Recentemente, o aplicativo também começou a permitir denúncias de irregularidades em transporte público e táxis.
A situação no Irã continua a ser alarmante, com um clima de medo pairando sobre a população. A comunidade internacional observa ansiosamente os desdobramentos, enquanto as vozes clamando por liberdade e justiça tornam-se cada vez mais urgentes.