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Irã e Israel: Conflitos Históricos que Poderão Levar ao Juízo Final?

2024-10-06

Recentemente, o mundo foi abalado por eventos alarmantes entre Irã e Israel. Após o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenar a execução de Hasan Nasrallah, líder do Hezbollah, no Líbano, o Irã retaliou com um impressionante ataque de mísseis hipersônicos que conseguiram atravessar o sistema de defesa antiaérea israelense. Agora, todos aguardam ansiosamente pela resposta de Israel.

As tensões entre essas duas potências militares do Oriente Médio não são novidade, mas a atual situação coloca Israel em uma posição delicada, ligando-se à sua ancestralidade bíblica que remonta há quase três mil anos. No entanto, essa narrativa complica-se ao considerar que Ciro, o fundador do Irã, é visto como um messias pela tradição judaica, o que levanta questões sobre as justificativas históricas de ambas as nações.

O Irã, como sucessor do Império Aquemênida, é uma entidade com raízes muito mais profundas do que a própria história de Israel. A influência cultural e religiosa do império de Ciro ofereceu um ambiente que permitiu o Judaísmo florescer na forma que conhecemos hoje. Atualmente, o Irã abriga uma comunidade judaica milenar com direitos reconhecidos, desafiando a narrativa simplista de um Irã anti-semita.

O Irã e o Hezbollah

O Irã, que historicamente sofreu inúmeras ocupações, desenvolveu uma resiliência cultural ao longo do tempo. Mesmo sob a pressão de dominadores diversos, a língua persa manteve-se intacta, contribuindo para a continuidade da rica herança literária e cultural que define a nação. O forte vínculo do Irã com sua tradição histórica moldou a forma do Islamismo que lá se instalou, resultando em uma prática religiosa única e rica.

Após a Revolução Islâmica em 1979, o Irã estabeleceu-se como uma potência regional, resistindo à influência dos Estados Unidos e de Israel por meio de uma rede de alianças e movimentos, como o Hezbollah no Líbano. O Hezbollah, sob a liderança de Nasrallah, foi uma barreira significativa à expansão israelense, especialmente ao pôr fim à ocupação israelense no sul do Líbano entre 1982 e 2000.

O grupo passou a ser um dos principais oponentes de Israel e aliado do Irã, integrando-se na chamada "Eixo da Resistência", que se posicionou contra as tentativas de intervenção ocidental no Oriente Médio.

Com a escalada do conflito, o Hezbollah tornou-se um alvo prioritário. Israel, em meio a ofensivas em Gaza, buscou desmantelar a rede de comando do Hezbollah, o que resultou em ataques a líderes e comunicações do grupo, intensificando ainda mais o ciclo de violência na região.

Estratégias de poder: Síria e os Acordos de Abraão

Neste contexto, a Síria se tornou um campo de disputa estratégica, sendo um alvo das ambições ocidentais que almejavam desestabilizar o regime de Bashar al-Assad. O fracasso da estratégia americana no século XXI, evidenciado pela interferência russa em torno da Guerra Civil Síria, deixou um vácuo que o Irã rapidamente ocupou, reforçando sua influência na região.

Sob a administração Biden, a relação entre a Arábia Saudita e Israel foi uma resposta aos movimentos de poder, onde ambos os países buscavam apresentar uma frente unida contra o Irã. No entanto, a situação se complica com o aumento da violência contra os palestinos, trazendo à tona a questão dos direitos humanos e as implicações de tal aliança para a paz duradoura na região.

Desde que o Hamas lançou sua ofensiva em outubro, uma nova dinâmica surgiu, causando um impacto direto nas relações diplomáticas internas e externas na região. Ao mesmo tempo, a inclusão do Irã e da Arábia Saudita no BRICS representa uma nova aliança desafiando a hegemonia americana e criando uma nova configuração geopolítica que complica ainda mais o cenário.

Ambos os países optaram por um acordo de paz, gerando apreensão em Washington, que previamente apostava na rivalidade entre eles. Essa nova realidade pode sinalizar um movimento em direção a um ponto de inflexão sobre as questões de poder no Oriente Médio.

Os conflitos em curso evidenciam que, na busca por controle sobre recursos como gás e petróleo, a vida e a dignidade humana frequentemente ficam em segundo plano. A narrativa de tensão contínua entre Irã e Israel pode selar o destino de muitos, e a escalada desse conflito pode muito bem levar a um apocalipse geopolítico, com Biden e Netanyahu em um sinistro balé rumo ao abismo.

Por fim, a tensão atual revela uma contradição fundamental dentro do próprio judaísmo, uma vez que a história e as promessas que fundamentam a existência de Israel se entrelaçam de maneiras inesperadas com a rica herança do Irã, colocando em cheque as narrativas construídas em ambas as nações.