Saúde

Médicos Desafiam a Tradição: Pesagem de Pacientes Não é Mais Prioridade nas Consultas nos EUA

2024-12-29

Autor: Mariana

Recentemente, uma mudança significativa vem ganhando espaço nas práticas médicas nos Estados Unidos: o abandono da pesagem rotineira de pacientes durante as consultas. Este novo enfoque foi evidenciado pela experiência da paciente Xanthia Walker, que, antes, evitava consultas médicas por temer enfrentar a balança. Quando finalmente decidia ir ao médico, sua preocupação sempre se voltava para seu peso, independentemente do motivo da visita. Walker encontrou um novo paradigma de atendimento com a Dra. Natasha Bhuyan, que adota uma abordagem menos centrada no peso e mais inclusiva, focando na saúde integral do paciente.

Dra. Bhuyan, vice-presidente da One Medical, argumenta que a pesagem não é uma prioridade nos atendimentos. "Na primeira consulta, não peso o paciente. Apenas conversamos e tentamos entender suas necessidades de saúde", afirma. Essa atitude representa uma mudança de paradigma que visa reduzir a pressão e a ansiedade que muitos sentiam ao serem confrontados com seus números na balança.

Este novo modelo, no entanto, ainda gera controvérsias entre os profissionais de saúde. Muitos argumentam que o peso é um indicador importante da saúde do paciente, especialmente considerando a epidemia de obesidade que afeta grande parte da população dos EUA, desencadeando doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardíacos. Por isso, críticos como a Dra. Caroline M. Apovian acreditam que a pesagem deve ser uma prática padrão para monitorar a saúde do paciente e agir proativamente contra a obesidade.

Além disso, muitos profissionais de saúde começam a reconhecer que a pressão para perder peso pode, em alguns casos, ser contraproducente. Estudos recentes apontam que a fobia e ansiedade em relação à pesagem podem levar pacientes a evitarem o acompanhamento médico por completo, prejudicando, assim, a detecção precoce de problemas de saúde. Um estudo de 2023 revelou que quase um terço das mulheres entrevistadas se negou a subir na balança devido ao impacto negativo em sua autoestima e saúde mental.

Nesse contexto, pesquisadores como Fatima Cody Stanford defendem uma abordagem mais humanizada, onde as conversas sobre peso sejam recheadas de empatia, sempre oferecendo suporte e informação aos pacientes. "É crucial que os médicos comuniquem as opções e estratégias disponíveis para o controle de peso, com foco em um diálogo construtivo", sugere.

Enquanto isso, iniciativas e clínicas como a One Medical estão desafiando a norma, criando ambientes nos quais os pacientes possam escolher se desejam ou não ver seu peso. A pesquisa revelou que evitar a pesagem pode aumentar a probabilidade de pacientes buscarem cuidados médicos mais adequados, além de diminuir a sensação de constrangimento que muitos sentem ao subir na balança.

Essa abordagem inclusiva visa não apenas combater a obesidade, mas também promover um bem-estar mais amplo, reconhecendo que fatores como genética, estilo de vida, estresse e toda a infraestrutura social têm um impacto significativo na saúde de um paciente. O caminho ainda é longo e repleto de desafios, mas a mudança gradual dessas práticas pode ser a chave para um futuro com mais compreensão e assistência adequada na saúde. Afinal, a verdadeira saúde não se mede apenas em números na balança!