Ciência

Ossos de massacre de 4 mil anos revelam canibalismo e mistérios sociais no Reino Unido

2024-12-16

Autor: Pedro

Recentemente, pesquisadores reexaminaram ossos encontrados em um poço a 15 metros de profundidade desde a década de 1970. Datados em aproximadamente 4 mil anos, esses restos pertencem ao período da Idade do Bronze, que até agora era considerado uma era relativamente pacífica no Reino Unido. Contudo, a análise da ossada revelou que havia uma mistura de esqueletos de homens, mulheres e crianças, o que indica um ataque generalizado à comunidade.

Um grupo de especialistas se reuniu para investigar esses ossos e os achados foram divulgados em um artigo na revista Antiquity. Em vez de serem enterrados de maneira tradicional, os crânios apresentam indícios de mortes violentas, como traumatismos contundentes e marcas de cortes feitos por ferramentas de pedra, sugerindo que os corpos foram desmembrados, possivelmente para práticas de canibalismo.

A proporção de ossos de gado encontrados na região indica que a população antiga não foi morta apenas para alimentar os atacantes. A presença de ossos humanos misturados com os de animais sugere uma tentativa de desumanizar a vítima, tratando-as em um mesmo nível culinário, o que revela práticas brutais da época.

Os pesquisadores afirmam que não há evidências de que este ato tenha sido gerado por competição por recursos ou por mudanças climáticas na época. Além disso, não foram encontrados indícios genéticos que sugerissem a coexistência de diferentes comunidades ancestrais, que poderiam ser a origem de um conflito étnico.

Portanto, a hipótese prevalente é de que o conflito foi motivado por fatores sociais. Os pesquisadores sugerem que desentendimentos, como roubos ou insultos mútuos, podem ter escalado, levando a disputas de honra. Intrigantemente, indícios de infecção por peste nos dentes de duas crianças podem ter exacerbado essas tensões, trazendo à tona um cenário de desequilíbrio e conflito.

"A brutalidade de um ato em que se quase apaga a existência do outro – literalmente fragmentando a pessoa – parece ser algo que só ocorre em contextos de intensa raiva, medo e ressentimento", comentou Rick Schulting, principal autor do estudo, em entrevista à BBC. "Isso não foi um ato isolado de um maníaco, mas sim uma atuação coletiva de uma comunidade contra outra". O estudo não só lança luz sobre um episódio sombrio da história humana, mas também nos convida a refletir sobre como tensões sociais e acontecimentos adversos podem levar a comportamentos extremos em diferentes épocas.