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Pacote fiscal provoca insatisfação e pode aumentar juros, alertam especialistas

2024-11-28

Autor: Carolina

O recente anúncio de isenção do Imposto de Renda gerou uma onda de frustração no mercado financeiro, que já estava vivendo um momento de otimismo. Segundo João Pedro Leme, analista de contas públicas da Tendências Consultoria, "todo ganho de bem-estar foi jogado no lixo pelo timing para discutir a isenção de Imposto de Renda". Ele reforça que, embora seja crucial aumentar a progressividade do imposto, a discussão deveria ter sido feita em um momento mais apropriado.

Como resultado imediato dessa incerteza, o dólar ultrapassou a marca de R$ 6 e os juros futuros dispararam, alcançando os 14% ao ano. Antes desse anúncio, havia a expectativa de que medidas fiscais mais rigorosas poderiam ajudar a estabilizar a moeda e a taxa de juros.

As expectativas de uma possível elevação ainda maior dos juros passaram a ser uma preocupação constante. No próximo mês, Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para presidir o Banco Central, assumirá o cargo, e analistas se questionam sobre a direção que a nova liderança poderá dar à política monetária do país.

O anúncio do pacote fiscal também destacou um conflito interno no governo entre a equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ala política, capitaneada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Leme observa que as circunstâncias em torno do anúncio mostram claramente esse embate, o que levanta dúvidas sobre a capacidade do governo em agir de forma coesa.

No que tange às medidas de corte de gastos, os especialistas veem aspectos positivos, mas permanecem céticos quanto à sua implementação. Leme destaca que, apesar do espírito correto por trás das propostas, elas não têm um conteúdo suficientemente estruturado e podem não produzir os resultados esperados até 2026. Medidas significativas, como a proposta de estabelecer uma idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos militares, só terão impacto mais relevante no longo prazo.

Um fator que causou desapontamento no mercado foi a exclusão dos gastos com saúde e educação nas medidas de corte. Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, declarou que os gastos que requerem ajustes e que estão previstos em lei não foram abordados, contribuindo para uma sensação de que as verdadeiras questões fiscais não foram enfrentadas.

Outro ponto crucial é que as novas propostas precisam ser rapidamente aprovadas pelo Congresso, sem grandes alterações, para que a economia esperada se concretize. A pressão deve ser intensa em relação à aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, uma vez que essa é uma medida popular. No entanto, a dificuldade maior estará em aprovar as compensações necessárias para a perda de arrecadação, que incluem taxação para aqueles com rendimentos superiores a R$ 50 mil e a tributação de dividendos.

As reações do mercado e as próximas etapas legislativas serão determinantes para o futuro econômico do Brasil. Fique atento às atualizações, pois as próximas semanas prometem muitas novidades no cenário fiscal do país!